Pastor “lobista” do MEC visitou gabinete de filho do Bolsonaro e esteve 90 vezes na Câmara
Depois da recusa em comparecer ao Senado Federal para explicar denúncias de loby e propina para liberar verbas a prefeitos, o pastor Arilton Moura, segue sendo figura chave para o desbaratamento de mais um escândalo do governo Bolsonaro.
Segundo documentos obtidos com exclusividade pelo jornal O GLOBO, há registros de que o pastor visitou a Câmara de Deputados ao menos 90 vezes entre 2019 e 2022. As visitas incluem gabinetes de Deputados do PL e do próprio filho do presidente, o Deputado Federal Eduardo Bolsonaro (PSB).
Ele chegou a acompanhar o colega Gilmar Santos, em um encontro com o Bolsonaro. O Congressista que mais se encontrou com o possível “lobista” foi o Deputado João Campos do Republicanos de Goiás, ao menos cinco vezes.
Outro que recebeu visita de Arilton foi Marcelo Brum, da União do Rio Grande do Sul, ao todo quatro de 2019 a 2022, que voltou a ser suplente, na posse de Onyx Lorenzoni, que deixou a pasta do Ministério do Trabalho para disputar as eleições de 2022.
Brum aparece em vídeo em um culto, afirmando que encaminharia R$ 200 mil em emenda para o “Lar Idoso do pastor Gilmar”. A gravação é bem clara. Marcelo Brum diz: “Faz o seguinte: como eu sou muito ousado e a minha Assessora e o meu chefe de gabinete está lá no fundo…Tu boa aí R$ 200 mil para o Lar de idosos do Gilmar…
Arilton visitou ainda Elias Vazs, PSB de Goiás, Vicentinho Junior (PP-TO) e Hélio Lopes (UNIÃO BRASIL-RJ).
Entenda o caso
Em 22 de março, se tornou conhecida uma gravação na qual o então ministro da Educação, Milton Ribeiro, dizia a prefeitos que, a pedido do presidente Jair Bolsonaro, repassava verba a municípios indicados por pastores. O episódio levou à demissão do então Ministro da Educação Milton Ribeiro e ocupa as manchetes dos jornais.
Três prefeitos afirmaram na terça-feira, 5, durante audiência no Senado Federal, que um pastor cobrava propina em dinheiro, ouro e até por meio da compra de bíblias para conseguir liberar verbas no Ministério da Educação.
Conforme os relatos, as cobranças de propina partiam do pastor Arilton Moura. Segundo os prefeitos, ele também ajudava a viabilizar reuniões no MEC com o então ministro Milton Ribeiro e com o presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Marcelo Lopes da Ponte.
O pastor Gilmar Santos também foi citado entre os participantes das conversas. Os dois tinham trânsito livre no MEC .
A audiência foi organizada pela Comissão de Educação do Senado. Os prefeitos foram chamados a prestar depoimento após denunciarem a suposta atuação de pastores em recursos do MEC.
As cobranças se davam em troca da construção de escolas e creches, disseram os prefeitos. Eles reforçaram ainda que, após a negativa do pagamento de propina, a verba para as obras não foi empenhada.
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