A face retrógrada russa que a mídia “não” vê. Artigo do jornalista Alex Ferraz
“Matrioska deriva de Matriona, um nome próprio clássico russo muito comum no final do século XIX no qual se identificam as mães em geral (maika, mat = mãe) e as matronas. Algumas matrioskas, no entanto, são conhecidas como ‘Babuskas’, que quer dizer avozinha (avó – Baba). Então, o que nos mostram as matrioskas?
Uma boneca dentro da outra, cópia exata ou não da anterior, até que o tamanho não permita mais um entalhe – como um ‘aninhamento ou nidificação’, o ser que vem do ser, a avó, a mãe, a filha!”
A definição do símbolo da Copa do Mundo na Rússia pode parecer comovente, carinhosa, uma singela homenagem à mulher, e, mais ainda, à figura da mãe.
Porém, nem de longe parece ser esta a realidade do século XXI na subliminar ditadura russa.
Em abril do ano passado, o presidente Putin sancionou lei aprovada pelo congresso russo autorizando o marido a espancar esposa e/ou filhos, desde que o faça ‘apenas^ uma vez por ano e “não quebre ossos nem deixe marcas evidentes.”
As penas mais graves, que eram aplicadas a toda agressão doméstica, passaram a servir somente para quem quebrar ossos, ou para quem agredir duas vezes dentro do mesmo ano. Quem “só” causar sangramento sem fratura, por exemplo, pode pagar uma multa ou, no máximo, pegar 15 dias de cadeia.
A aprovação da lei foi incentivada pela igreja Ortodoxa, cujos princípios estabelecem que o uso da força física na família conta com a “aprovação dos deuses” e é uma maneira de os pais “orientarem” suas esposas e filhos.
Convém notar que na Rússia o índice de assassinatos de mulheres é de 6 para cada 100 mil habitantes. Vejamos: aqui no Brasil ficamos aterrorizados – e com toda razão – com a taxa de 4,4 para 100 mil.
Bem, incluindo a violenta repressão policial contra as oposições politicas, o que pode significar (como já ocorreu) o envenenamento de adversários inclusive no exterior, a censura à Internet e o apoio ao massacre de civis na Síria, temos um quadro nada civilizado do “gigante” russo ora louvado e bajulado por uma mídia que põe antolhos diante da verdadeira face dos donos da Matrioska.
Coisas do futebol…
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