Metrô de Salvador é indicado a prêmios internacionais

Metrô de Salvador é indicado a prêmios internacionais

Mobilidade é o tema de ordem das capitais brasileiras e Salvador estava atrasada nesse quesito, enquanto cresce em quantidade de veículos, as linhas de ônibus são ineficientes e a população aumenta de forma exponencial. Com a construção do Metrô de Salvador, a capital baiana deu importante passo na área. A saga do Metrô de Salvador durou 14 anos, passando por três administrações municipais sem nada acontecer.  

Hoje, o Metrô de Salvador é realidade e o projeto foi indicado a prêmios internacionais de arquitetura, com Menção honrosa na categoria “Projetos Especiais” do 9º Prêmio AsBEA, que reconhece os melhores projetos arquitetônicos brasileiros; recebeu indicações no World Architecture Festival (WAF) de 2017, entregue em Berlim, na categoria “Transporte”, e no Mies Crown Hall Americas Prize 2016-17, realizado em Chicago (EUA).

A primeira viagem de Metrô de Salvador aconteceu em 11 de junho de 2014, no  governo Jacques Wagner (PT) percorrendo o trajeto Acesso Norte-Campo da Pólvora – ida e volta. Eram apenas quatro trens com capacidade para 200 pessoas sentadas e 800 em pé cada. O percurso de 7,3 km de extensão e percorrido em 18 minutos, com 30 segundos de parada em cada estação era motivo de piadas entre a população. A primeira viagem comercial aconteceu em junho de 2016.

Mas, no governo seguinte de Rui Costa (PT) houve forte incremento nas obras e a população de Salvador e Lauro de Freitas passou a contar definitivamente com o mais eficiente e sustentável sistema metroviário. O Metrô de Salvador já é um dos maiores sistemas metroviários do país, com 29 km de extensão e transportando 300 mil pessoas por dia, com a previsão de chegar a 500 mil ainda em 2018.

As duas linhas contam com 19 estações e cinco terminais de integração com ônibus. O projeto final prevê 42 km de extensão, 23 estações e dez terminais de ônibus integrados, contemplando a expansão da Linha 1, de Pirajá até Cajazeiras/Águas Claras, e da Linha 2, da Estação Aeroporto até Lauro de Freitas.

O ganho para a população é evidente. O impacto visual e estético das estações também impressiona usuários, turistas e arquitetos. Uma prova disso é a indicação do seu projeto a importantes prêmios internacionais da área.

Para a implementação da Linha 2 do Metrô de Salvador, que liga o centro econômico da capital baiana às regiões do Iguatemi, Rodoviária e Aeroporto, foi contratado o escritório JBMC Arquitetura e Urbanismo: “O que é bom para outras cidades não é necessariamente bom para Salvador”, diz o arquiteto Emiliano Homrich Neves da Fontoura, sócio do JBMC e um dos coordenadores do projeto do Metrô de Salvador.

 Luz e ventilação sustentáveis

Estação Imbuí é uma das nove “típicas” da Linha 2 do metrô da capital baiana.

Das 12 estações da Linha 2, nove são “típicas”, ou seja, seguem o mesmo modelo: Pernambués, Imbuí, CAB, Pituaçu, Flamboyant, Tamburugy, Bairro da Paz, Mussurunga e Aeroporto – prevista para inaugurar em breve, e executada por outro escritório de arquitetura. As demais (Acesso Norte, Detran e Rodoviária) foram construídas de outras formas devido a particularidades topográficas existentes ao longo do trajeto.

“O desafio foi buscar uma solução que se repetisse nas várias configurações de terreno”, afirma a arquiteta Cecília Pires, da JBMC. No caso de Pernambués, por exemplo, o espaço exíguo para a estação levou ao uso de pilares pré-moldados em concreto inclinados, combinando com a curvatura das telhas da cobertura e ocupando menos a superfície. Nas demais estações, essa característica se repetiu, e acabou liberando espaço para jardins e para a ciclovia.

 Já a cobertura das estações, feita de telha metálica autoportante, é seccionada em 11 trechos inclinados a 10 graus, possibilitando ventilação e iluminação naturais. “Salvador tem uma insolação forte e uma luminosidade lindíssima, então tínhamos que aproveitar isso”, afirma Emiliano. Segundo ele, explorar o clima da cidade como uma solução sustentável para economia de energia foi uma premissa que guiou todo o projeto.

A integração das estações com seu entorno foi outro ponto fundamental na Linha 2. Como ela foi projetada para passar no canteiro da Avenida Paralela, uma das principais da capital baiana, a chegada dos usuários deveria ser muito bem pensada, atraindo a população ao sistema com segurança. Assim, as passarelas de acesso se ligam a ambos os lados da avenida e à ciclovia, funcionando como elementos de conexão urbana segura para os passageiros.

Colorido vibrante das estações

As estações têm mais de 9 mil m² de área cada uma. São dois pavimentos: a acesso é feito no superior, onde há o mezanino, enquanto as plataformas ficam no nível da superfície. No seu interior, fica evidente a ligação do conceito visual do projeto arquitetônico com o clima quente da cidade e a vibrante cultura local. O amarelo vivo dos ambientes domina o olhar de quem usa o metrô, em um colorido que gera empatia e chama a atenção.

“A integração é a melhor possível. O metrô já está no dia a dia das pessoas, e não só com o metrô em si, mas também as intervenções viárias, feitas no alargamento de ruas, de viadutos, nas passarelas modernas, são de uma qualidade jamais vista em Salvador”, afirma o secretário de Desenvolvimento Urbano da Bahia, Demir Barbosa.

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