Racismo recorrente na Libertadores: torcida do Palmeiras é alvo de racismo antes de jogo com o Boca Juniors
A Copa Libertadores da América, a mais cobiçada da América do Sul, é marcada por mais um caso de racismo em 2023. Na última quinta-feira (28), apenas algumas horas antes do primeiro jogo da semifinal do campeonato, os jtorcedores do Palmeiras foram vítimas de injúria racial. Em imagens publicadas nas redes sociais, um torcedor do Boca Junior foi filmado rindo e segurando um celular com o texto “macaco” direcionado ao setor dos palmeirenses no estádio La Bombonera, em Buenos Aires. Em outro vídeo, divulgado por torcedores, um menino aparece imitando um macaco em direção aos brasileiros.
Os atos racistas envolvendo torcidas sul-americanas estão se tornando cada vez mais comuns, dentro e fora dos estádios. A Conmebol, órgão que gerencia a competição e todo o futebol na América do Sul, normalmente aplica punições nesses casos, mas somente em forma de multa.
Psicólogo esportivo e analista de projetos DE&I na Condurú Consultoria, José Rezende, o racismo tem um custo emocional muito alto para a vítima, causando um adoecimento psíquico que impacta suas relações interpessoais e no seu desempenho como um todo. “A mudança de mentalidade no ambiente do futebol, que é tão relevante na nossa cultura, pode abrir espaço para que o racismo diminua também em outros segmentos, deixando de ser algo tão ostensivo no dia-a-dia das pessoas. O futebol é um espelho da sociedade, ele não pode ser descolado dela: o que acontecer em um, acontecerá no outro. O futebol terá menos racismo quando a sociedade assim o tiver”, diz.
Quando falamos do ambiente de trabalho, de acordo com pesquisa realizada pela plataforma de empregos Indeed, em parceria com o Instituto Guetto, 47,8% dos profissionais negros não têm a sensação de pertencimento nas empresas em que trabalham. Além disso, 60% dos profissionais entrevistados sentiram discriminação racial no ambiente de trabalho e quase 47% afirmaram ter presenciado cenas de discriminação.
“Punição financeira é um passo, mas também é preciso punição esportiva, com perda de pontos, mando de campo e até a finalização do evento com decretação de vitória ao adversário. Endurecer as penas no ambiente esportivo pode ser uma contribuição importante para impactar e conscientizar a sociedade sobre o combate ao racismo”, finaliza Rezende.
José Rezende
Sócio, Psicólogo e Analista de Projetos da Condurú Consultoria. É natural de São Paulo e formado em Psicologia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM). José é Psicólogo Clínico e Esportivo adulto e infantil e defensor dos direitos humanos. Atuante em entidades estudantis durante a graduação, incluindo a presidência do Centro Acadêmico e vice-presidência do Diretório Central dos Estudantes da UPM.
Condurú Consultoria
Criada em 2017, a Condurú é uma consultoria que auxilia na implementação de programas de governança, apoia a construção ou atualização de códigos de ética ou de conduta e promove palestras e workshops de diversidade e inclusão.
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