Pioneira no Brasil, Patrícia Portaro faz parte de diversos projetos da Netflix como supervisora musical

Pioneira no Brasil, Patrícia Portaro faz parte de diversos projetos da Netflix como supervisora musical

Formada em Direito e Music Business, Patrícia Portaro iniciou a carreira no mercado da música em 1996, trabalhando com gravadoras, editoras e artistas independentes. Como advogada, dirigiu um selo musical no início dos anos 2000 e criou o projeto Ambulante Discos, em parceria com os compositores Beto Villares e Antônio Pinto. Em 2009, após estudar Supervisão Musical na Califórnia, entrou para o universo que une criação e negociação, ajudando a trazer um novo conceito ao Brasil. Em 2014 se mudou para Los Angeles para se unir ao time da empresa Air Lumiere, empresa que atua em produções nos Estados Unidos e América Latina.

Em 2022, Patrícia soma mais de cinco projetos de supervisão musical só no primeiro semestre em parceria com a Netflix e Amazon Prime: Lulli, Lov3, De Volta Aos 15, Wake Up Carlo e Só se For Por Amor – série de seis episódios com Agnes Nunes e Lucy Alves sobre o universo sertanejo.

As produções no Brasil estão se profssionalizando cada vez mais, e nos ultimos anos a figura do Supervisor Musical se tornou muito mais importante devido às exigências criativas e contratuais dos produtores. Diante desse cenário, como já estavamos bem posicionados no mercado brasileiro, tivemos um aumento muito grande de trabalho.

Minha formação como advogada é essencial nessa profissão, já que ela é 50% criativa e 50% legal/negocial. Sem o conhecimento da parte legal, o trabalho é mais para ‘direção ou produção musical’ e não supervisão musical nos moldes americanos. Entender de música e estar antenado é fundamental, mas o supervisor musical também deve cuidar da parte legal e ter um vasto network de gravadoras, editoras, managers e artistas. Afinal, temos que encontrar soluções musicais para cada projeto, comenta Patrícia, que começou o trabalho atuando na supervisão musical do longa As Melhores Coisas do Mundo, de Laís Bodanszki, em 2010.

A supervisão musical em geral começa na pré-produção e vai até a finalização de uma produção. O profissional ajuda a criar o conceito musical para o projeto, pensa/analisa o budget, faz a contratação do compositor para trilha original e de artistas que participam de performances e/ou gravações nos filmes, indica repertório de acordo com a ideia da direção e substitui músicas que não cabem no budget. Além disso, negocia e licencia as canções que serão usadas no filme e acompanha a pós-produção musical, com análise dos cortes para checar as músicas utilizadas e auxílio na confecção de cue-sheets, entre demais processos.

Acho que a minha insistência com os produtores brasileiros fez com que o assunto começasse a circular no Brasil, comenta a profissional, que atuou na área musical de mais de duas centenas de produções nacionais e internacionais, e tem no currículo títulos como Bingo O Rei das Manhãs” (Gullane), “The American Guest” (HBO), “Modo Avião” (Netflix), dentre outros. “Em geral, o uso de música é uma questão complicada para os produtores porque são diferentes tipos de direitos envolvidos e muitas possibilidades de utilização, e só quem tem o know how sabe lidar com essa questão, explica. É uma profissão que pode facilitar o fluxo da área musical de qualquer produção e fazer com que a produtora não só conte com alguém que entende do assunto, mas que também ajude a viabilizar o budget musical da produção”, reflete ela.

Patrícia afirma que a maioria das produções norte-americanas contam com a figura do Music Supervisor. Nos Estados Unidos esse profissional, às vezes, é tão importante quanto o compositor da trilha original ou editor de som, comenta ela. Envolvida com o sindicato local Guild Of Music Supervisors, Patrícia reforça: os profissionais unidos estão, aos poucos, conquistando espaço em premiações importantes, como o Emmy Awards, que já possui a categoria de Outstanding Music Supervision, diz. Neste ano estamos trazendo o Guild of Music Supervisors para o Brasil e será criado o Guild  Brasil, que terá como missão não só a regulamentação da profissão, como também um caráter educativo, para a formação de novos profissionais que entendam realmente a complexidade e os desafios do trabalho de supervisão musical.

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