Ministério Público quer cancelar pagamento cachê do cantor Eduardo Costa na cidade de Santa Maria da Vitória

Ministério Público quer cancelar pagamento cachê do cantor Eduardo Costa na cidade de Santa Maria da Vitória

O show do cantor Eduardo Costa virou alvo do MP por dívida por suspeita de desvio de verba. O cantor se apresentou na segunda-feira, 26 de junho, pelo município de Santa Maria da Vitória, com o pagamento no valor de R$ 350 mil.
A cidade de quase 40 mil habitantes possui dívidas milionárias, e o Ministério Público da Bahia foi à Justiça para reaver o valor. O órgão também solicitou a restituição dos valores pagos aos cofres públicos e a proibição de novos repasses ao município. Antes da apresentação do artista, o MP-Ba tentou rescindir o contrato e cancelar a apresentação, sem sucesso.

A apresentação ocorreu em comemoração ao aniversário da cidade e o  MP-BA se opôs à contratação pela situação econômica-financeira atual da cidade, “tendo em vista o quadro de insolvência” vivenciado por Santa Maria da Vitória.

O MP informpu que o município possui um débito que supera os R$ 60 milhões com o Instituto de Previdência Social dos Servidores Municipais (Caprevas), sendo esse quatro vezes maior que a geração de receita tributária do ano passado.

O Caprevas já realizou outra ação de cobrança judicial com o município, por R$ 5,2 milhões neste ano, sendo feitos cinco acordos de renegociação do débito total desde 2022. Com isso, a previsão é que a cidade entre em estado de insolvência financeira em 2027.

Ainda também um registro de débito de R$ 700 mil em parcelas inadimplidas do rateio municipal no consórcio de gestão da Policlínica Regional, o que pode comprometer o atendimento dos moradores locais.

Além disso, recentemente a administração pública autorizou a contratação de empréstimo no valor de R$ 11,6 milhões com o Banco do Brasil, para que fossem realizadas obras de infraestrutura essenciais ao município.

Com isso, e se mostrando incapaz de atender políticas públicas básicas de educação e saúde, o MP justifica que a cidade não possuía dinheiro para arcar com o valor prometido ao artista, e que foi posteriormente reajustado para R$ 392,6 mil.

“Um valor considerável foi realocado para permitir a contratação de show artístico, quando deveria ser direcionado às medidas que assegurem mínima dignidade existencial à população, resultem no desenvolvimento local ou busquem equilíbrio das contas públicas, cumprindo as obrigações pendentes”, informou.

O órgão afirmou que a contratação é ilegal e possuí indícios de sobrepreço, uma vez que a apresentação de Eduardo Costa gira em torno de R$ 264,5 mil, sendo 85,4 mil a menos do que o oferecido no município.

“Aliado aos inadimplementos, tem-se a incapacidade do ente federado em atender satisfatoriamente as políticas públicas básicas de educação e saúde, não arcando, por exemplo, com o ajuste legal do piso salarial nacional dos profissionais do magistério da educação básica pública, nos exercícios de 2022 e 2023, tampouco concluindo as obras no hospital público municipal, iniciadas há mais de três anos”, afirmou o autor da ação e promotor de Justiça Jurgen Fleischer.

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