Netanyahu tem encontro marcado com Biden, mas falta de formalidades sinalizam desgaste na relação entre os países, destaca Instituto Brasil-Israel
Na última segunda-feira, 18 de setembro, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu desembarcou na Califórnia, para uma visita aos Estados Unidos. Agora, em Nova York, está na agenda um encontro com o presidente Joe Biden para esta quarta, 20. Porém, não haverá o rito cerimonial e as formalidades organizadas tradicionalmente nesse tipo de ocasião.
É simbólico que, após nove meses, Netanyahu vá aos Estados Unidos e sequer seja chamado para ir a Casa Branca. Esse convite é feito a todos os primeiros-ministros israelenses. Apesar do encontro agendado entre ele e Biden, é uma sinalização de desgaste na relação de dois países que sempre foram muito próximos. O grande motivo desse distanciamento é a reforma judicial que o primeiro-ministro israelense tenta avançar no país, projeto que tem sido publicamente criticado por Biden e outros políticos norte-americanos, que sempre apoiaram Israel.
Para Karina Calandrin, assessora do Instituto Brasil-Israel (IBI) e doutora em Relações Internacionais, “essa visita é muito esperada, uma vez que Biden já teceu críticas ao atual governo de Netanyahu e a crise política causada pela reforma do judiciário causa muito desconforto”.
Os Estados Unidos entendem que o risco para a democracia israelense é real e não estão dispostos a patrocinar essa movimentação política de Bibi e aliados.
“Biden não deve entrar muito no tema da reforma, pelo menos não abertamente. Deve focar mais em política externa, falar da relação com a Arábia Saudita e com os palestinos. Já Netanyahu vai usar tudo o que puder para deixar uma impressão positiva, principalmente para a comunidade internacional e seus detratores em Israel, argumentando que o clima está muito agradável e que nada mudou na relação entre os grandes parceiros”, ressalta Karina.
Os protestos que mobilizam há meses milhares de israelenses extrapolaram as fronteiras e também ecoam em outros países, incluindo nos Estados Unidos, onde um grupo de manifestantes aproveita a visita de Netanyahu ao país para mostrarem a insatisfação diante da reforma judicial que ele tenta aplicar em Israel.
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