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Desastre ambiental no Rio de Janeiro. Mais de 200 Golfinhos já morreram

Desde o final do ano passado, pescadores estavam encontrando carcaças feridas de golfinhos nas Baia de Sepitiva, no Rio de Janeiro. A partir dessa constatação, cientistas descobriram os cadáveres de mais de 200 golfinhos da Guiana, ou botos-cinza (Sotalia guianensis), um quarto daquela que já foi a maior concentração da espécie no mundo. 

As mortes foram causadas por falência dos sistemas nervoso e respiratório, diminuíram, mas os cientistas trabalham para desvendar o mistério por trás delas. Eles se perguntam: Como um vírus que poderia normalmente ter matado alguns golfinhos acabaram matando dezenas deles? E uma parte da resposta, perguntam cientistas e moradores do local, estará na própria baía, que é ao mesmo tempo um depoimento sobre.sobre a potência econômica do Brasil e um presságio de riscos ambientais?

A área onde foram encontradas as carcaças dos golfinhos possui  praias de areias brancas e um arquipélago de pequenas ilhas em forma de morro, a baía de Sepetiba, a 65 km a oeste do centro do Rio, tornou-se um dos principais portões para as exportações de minério de ferro. Em 2017, 39 milhões de toneladas de minério de ferro e outras mercadorias foram embarcadas lá. Será esse o motivo das mortes? 

Os barcos de pesca de madeira que cruzam a baía hoje contornam enormes navios mercantes carregados de ferro e aço. Embora as pessoas ainda nadem em suas águas, quatro portos e uma constelação de usinas químicas, de aço e industria surgiram em suas margens. Uma das maiores produtoras de minério de ferro do mundo, a Vale, ocupa um novo terminal em um antigo ponto de pesca na ilha próxima de Guaíba.

Depois dos testes feitos, os cientistas atribuíram as mortes dos golfinhos ao morbillivirus, um vírus transmitido pelo ar, da mesma família que causa sarampo em seres humanos. Agora eles procuram entender como os golfinhos se tornaram altamente vulneráveis ao  vírus e estão examinando o papel da poluição e da degradação ambiental. Os efeitos do vírus, como erupções na pele, febre, infecção respiratória e desorientação, sugerem uma morte sofrida. Golfinhos agonizantes foram vistos nadando de lado e sozinhos. Algumas carcaças tinham feias deformações e sangue escorrendo dos olhos. Já foram relatados surtos entre golfinhos em outras partes do mundo, mas este é o primeiro dessa espécie no Atlântico sul.

Embora reconheça o impacto ambiental na baía de Sepetiba, o governo municipal de Itaguaí, a maior cidade próxima, aponta os benefícios do desenvolvimento, como a construção de uma moderna rodovia e a abertura de terrenos a empresários

POR: Rita Moraes
Publicado em 24/04/2018