11 momentos em que a Think Olga impactou a sociedade ao longo dos 11 anos da ONG
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Segundo o Fórum Econômico Mundial, são necessários 131 anos para que a equidade de gênero seja alcançada – esse número só serve para nos lembrar que ainda existe um longo caminho pela frente na luta pelos direitos das mulheres. No Brasil, há 11 anos, o assédio sexual em locais públicos era entendido como parte da vida, assim como a visão e a cobertura machista da imprensa. Há 11 anos, a sobrecarga das tarefas de cuidado feitas por mães, avós, filhas, trabalhadoras domésticas e cuidadoras eram só a vida acontecendo. Há 11 anos, os impactos das desigualdades de gênero e raça na saúde mental das mulheres eram comuns. Há 11 anos, a Think Olga foi criada para dar nome, forma, tamanho e profundidade às conversas públicas sobre gênero.
Ainda que estes debates já estivessem acontecendo dentro de ambientes importantes, eles não estavam necessariamente ao alcance da maioria da população. “Apesar das disputas políticas cada vez mais intensificadas, temos uma certeza: a sociedade conhece muito mais a agenda feminista e os desafios das mulheres em 2024 do que em 2013”, comenta Nana Lima, Diretora da Think Olga, ONG referência no debate público sobre economia do cuidado.
Atualmente, a organização é uma das fontes mais confiáveis quando o assunto é igualdade de gênero, economia do cuidado e sobrecarga das mulheres. Fundada em 2013 como um blog de conteúdo feminista, a iniciativa foi crescendo até que, em 2015, se transformou em uma ONG de comunicação. Hoje, atua junto à sociedade civil. Desde a sua fundação, a Think Olga coleciona prêmios, estudos, projetos e uma série de campanhas que impactaram a sociedade – desses, relembre 11 momentos em que a organização mudou e impactou a vida das mulheres até os dias de hoje.
1. Campanha Chega de Fiu Fiu
Lançada em 2013, a campanha Chega de Fiu Fiu, foi criada para alertar as mulheres sobre o assédio sexual em espaços públicos. Mensagens poderosas se transformaram também em ampla conscientização e ação. A Chega de Fiu Fiu virou um mapa para identificar os locais de abusos e um documentário prestigiado nacionalmente. A iniciativa marcou uma geração de mulheres e se transformou na Lei de Importunação Sexual, sancionada em 2018, que prevê pena de até dois anos de reclusão para os assediadores (Lei 13.718/18).
2. Criação da Think Eva
Fundada em 2015, Think Eva é a irmã mais nova da ONG e uma consultoria de equidade de gênero e inovação social que articula no setor privado, que desenvolve soluções para empresas e impacto positivo para as mulheres, oferecendo projetos customizados de comunicação e cultura. Entre as diversas iniciativas, estudos e projetos feitos por Think Eva, um que merece destaque é a pesquisa Trabalho Sem Assédio de 2020, que pautou o debate público sobre os ambientes de trabalho inseguros para as mulheres.
3. Campanha #primeiroassédio
Em 2015, a Think Olga criou a campanha #primeiroassédio, em apoio à menina de 12 anos que foi alvo de comentários de cunho sexual na internet durante participação em um reality show de culinária. A organização criou a hashtag “#primeiroassédio” no Twitter e convidou as leitoras a compartilharem suas histórias de primeiro assédio. As respostas ajudaram a constatar que a idade média do primeiro assédio é de 9,7 anos – e grande parte dos crimes, 65%, são cometidos por conhecidos. Nos primeiros cinco dias da campanha, a hashtag foi replicada mais de 82 mil vezes, entre tweets e retweets.
4. Olga Esporte Clube
A campanha Olga Esporte Clube teve início em 2016 para combater as condições que afastam as mulheres do contexto esportivo. A organização buscou apontar os preconceitos de gênero e o desencorajamento sistêmico que meninas e mulheres enfrentam quando o assunto é prática da atividade física. Uma das principais causas para uma relação deteriorada entre mulheres e esporte é o machismo, que transforma as atividades físicas em instrumento de controle de peso e culto ao corpo. Assim, a missão da ONG é resgatar o prazer pelo esporte, reforçando os significados essenciais da prática: socialização, crescimento pessoal, relação harmônica entre nosso corpo e a natureza, transcendência, inteligência emocional e o exercício da coragem.
5. Projeto Conexões que Salvam
Conexões que Salvam é um projeto de combate à violência online que começou em 2018 com o Facebook e que visa proteger, informar e acolher as mulheres vítimas de violência online. Em 2019, a iniciativa ganhou uma versão chatbot, a Isa.bot, criada em parceria com a NOSSAS, o Facebook e o Google Assistente, para levar esse conteúdo de forma acessível para toda a população. Em 2020, a Isa.bot assumiu uma nova característica, incorporando ao seu fluxo informações, segurança e acolhimento sobre violência doméstica, extremamente importantes em tempos de pandemia.
6. Google Assistente
Para facilitar o acesso das pessoas a informações sobre assédio sexual, em 2019, a Think Olga e o Google se juntaram para lançar uma nova função na ferramenta do Google Assistente. Ao falar “OK Google, como reportar assédio sexual” para o Google Assistente, o celular vai trazer os contatos da Central de Atendimento à Mulher em Situação de Violência (180) e da polícia militar (190), além de indicar o site da Think Olga para mais informações sobre o tema.
7. Lab Think Olga
Em 2020, veio a Covid-19 e, com ela, a necessidade e urgência de se debater os efeitos da crise na Economia do Cuidado. Neste momento, foi criado o Lab Think Olga, uma plataforma com metodologia própria para geração de dados, compartilhamento do conhecimento e co-criação de exercícios de futuro, que hoje é nosso principal programa. Por meio dos Labs, a organização já propôs debates sobre violência doméstica, autonomia das mulheres, violência política de gênero e saúde mental das mulheres, com efeitos comprovados no debate público, na criação de projetos no Legislativo Nacional e Estadual, além de apoiar a elaboração de políticas públicas que chegarão nos diferentes territórios atendendo a critérios de gênero, raça e classe social.
8. Meu PONTO Seguro
Lançada durante a mobilização “21 dias de ativismo”, em 2020, o estudo Meu PONTO Seguro mostrou que 77,8% das mulheres se sentem inseguras nos pontos de ônibus. A iluminação e ausência de pessoas nas ruas são os fatores mencionados como os maiores causadores de insegurança. Após investigar os principais desafios que elas enfrentam nas ruas, junto a especialistas, gestores públicos, ativistas, motoristas, chegamos ao estudo Meu PONTO Seguro.
9. Labs “Mulheres em Tempo de Pandemia”, “Autonomia das Mulheres” e “Cuidado e Política”
Produzido em 2020, o relatório “Mulheres em Tempos de Pandemia” – os agravantes das desigualdades, os catalisadores de mudanças, foi desenvolvido com o objetivo de servir de radar, trazer informações de qualidade relevantes à perspectiva de gênero sobre a crise mundial, provocada pela COVID-19. O estudo reuniu os problemas centrais -Violência, Saúde e Economia e Trabalho-, que, no contexto daquele momento de crise, precisavam de total atenção. Além dele, Think Olga também lançou, em 2022, o Lab Autonomia das Mulheres, que investigou a autonomia financeira, emocional e de conhecimento das mulheres, e o Lab Cuidado e Política, lançado no mesmo ano, que abordou o tema da política institucional tendo o trabalho de cuidado e o futuro das mulheres como fio condutor desta jornada.
10. Esgotadas
Em 2023, a Think Olga criou o Esgotadas, abordando o esgotamento emocional feminino que, inclusive, foi tema da redação do Enem de 2023. Além disso, o assunto ganhou fôlego no setor público com a criação de um Marco Conceitual da Política Nacional de Cuidados do Brasil. Como representante da sociedade civil, a organização reuniu mais de 100 contribuições para a consulta pública da política e estamos participando dos principais debates sobre o assunto.
11. Pacto Ninguém se Cala
Em março de 2024, Think Olga contribui com o Pacto “Ninguém se Cala” em evento na Assembleia Legislativa de São Paulo. Com o objetivo de conscientizar e informar o público sobre os mecanismos do Legislativo no combate à violência de gênero em espaços corporativos, a ONG esteve presente como representante da sociedade civil no painel “A voz que convoca: o pacto ‘ninguém se cala’ e o enfrentamento da violência e do assédio às mulheres no ambiente de trabalho”, em cerimônia para debater o assédio sexual e a necessidade de enfrentamento desta violência na Alesp junto ao Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP) e o Instituto Legislativo Paulista (ILP).
Think Olga tem como missão continuar levando as necessidades das mulheres às autoridades ao mesmo tempo em que buscamos traduzir conceitos complexos para a realidade do nosso cotidiano e assim gerar pressão social por melhorias. “Queremos ser ponte e diálogo, contribuindo para mudanças em grande escala, sem perder de vista o contexto de cada uma. Amanhã, semana que vem e por todo tempo que estivermos aqui, vamos reafirmar nosso compromisso por uma agenda feminista reconhecida pela sociedade e fortalecida pelo poder público”, destaca Maíra Liguori, Diretora da ONG.
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