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Suicídio ou Homicídio? Morte de arquiteto negro durante protestos contra o governo Bolsonaro segue sem solução

Eram 19h14 do último sábado, 29, quando o arquiteto e artista Luiz Felipe Bernardes do Santos, conhecido como Macalé, 36 anos,  enviou um áudio à namorada Patrícia Brasil avisando que encontraria amigos em um bar na região central de São Paulo. Ele iria de ônibus até a casa de sua companheira, mas se deparou com o trânsito interrompido na Avenida Paulista, em razao da manifestaçao contra o governo do Presidente Jair Bolsonaro, que levou multidao ao local.    O casal trocou suas últimas mensagens e fotos até 1h11 daquela madrugada.

Umas duas horas depois, o corpo de Macalé foi encontrado no vão do Viaduto Sumaré por policiais,  que apontaram ter sido um possível suicídio. Desde então, amigos e usuários nas redes sociais cobram investigação para apurar se houve homicídio. Hashtags como #JustiçaPorMacalé e #QuemMatouFelipeMacalé se espalharam em publicações.

Segundo Patrcicia, o arquiteto permaneceu no bar até 1h35 da madrugada de domingo, 30,  solicitou uma corrida por aplicativo para sua residência, onde chegou à 1h53, conforme os dados fornecidos pelo aplicativo usado pela vitima. O grande mistério é. o que aconteceu no intervalo até a confirmação de sua morte, por volta das 3h20? Na casa de Macalé a maçaneta dos fundos estava danificada, o quarto revirado e notou-se sumiço de alguns objetos, como seu notebook e um diário de informações pessoais.

“Ele ficou me mandando mensagens o tempo inteiro até o minuto em que foi embora do bar. Ele estava se mostrando feliz, estava com um monte de amigos, comemorando porque uma amiga virou avó. Pegou um Uber foi para casa e de lá não sei o que aconteceu mais — disse a namorada Patricia. — Na casa dele foi encontrado o quarto revirado, a fechadura da porta de acesso aos fundos estava danificada, o computador e um diário de informações pessoais despareceram. Como que ele faria tudo isso na casa dele e sairia depois sozinho para se jogar num viaduto? Não confere”.

Patrícia soube do ocorrido apenas na tarde de domingo. Agentes da Polícia Militar tentaram contato com ela às 3h47, mas ela já estava dormindo e não atendeu. Resolveu retornar a ligação quando um primo e vizinho de Macalé lhe comunicou que o arquiteto não havia voltado.

“Quando retornei a ligação, era da polícia. Uma suposta socorrista disse que o corpo dele tinha sido encontrado debaixo do viaduto, mas sem mais explicações — contou a namorada de Macalé, que vivia junto com ele há cerca de seis meses (dois dias antes da morte, o casal anunciou o relacionamento sério nas redes, sob status de “casados”, embora informalmente).

De acordo com o boletim de ocorrência da PM paulista, “no local, constataram que provavelmente a vítima precipitou-se do Viaduto Sumaré, caindo na av. Paulo VI, e vindo a óbito. A pessoa que assistiu tudo seria ciclista, cujo dados não foram anotados e que passava na avenida no momento da queda”.

Investigações

O caso é investigado a priori como suicídio pelo 23º DP, do bairro de Perdizes, mas sua companheira e amigos atuam por meio de seus advogados para que seja apurado como homicídio. Eles cobram a análise das câmeras de segurança tanto da região onde o corpo foi localizado como dos arredores de sua casa. O laudo do Instituto Médico Legal (IML) ainda não foi concluído.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) afirmou que “no referido procedimento serão adotados todos os atos de polícia judiciária visando esclarecer as circunstâncias em que os fatos ocorreram. Os familiares estiveram na unidade e conversaram com a Delegada de Polícia responsável pela investigação”.

Negros são 79% das vítimas de mortes causadas por ações policiais

Números dizem respeito às mortes ocorridas no ano de 2019. Neste período, 35.543 negros foram mortos, o equivalente ao Estádio do Pacaembu cheio.

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POR: Rita Moraes
Publicado em 02/06/2021