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Regra 10-4 pode ajudará retomada da economia e o controle do Covid-19

Governos de todo mundo enfrentam dilema de como reabrir economia sem pôr em risco tudo o que já foi feito para controlar infecções por coronavírus; cientistas israelenses propuseram solução. É um dilema que muitos governos enfrentam agora: como reabrir a economia sem pôr em risco tudo o que já foi feito para controlar as infecções por coronavírus? Muitos países estão lentamente suspendendo as duras medidas restritivas que tiveram que impor para combater a covid-19. Em alguns casos, como Espanha e Itália, dois dos países mais afetados pela atual pandemia, foi imposto o fechamento total da economia.
 
Mas em outros que estão reabrindo suas economias, houve um recrudescimento no número de casos de coronavírus. É o caso, por exemplo, da Coreia do Sul, que teve que fechar novamente bares e boates, e da Alemanha. Mas manter a economia fechada para evitar o contágio também pode ter um efeito devastador sobre países e pessoas. Para resolver esse dilema, um grupo de cientistas do Instituto Weizmann, em Israel, propõe um modelo cíclico, de 10 dias de quarentena e 4 dias úteis — batizado de 10-4. Mas do que se trata exatamente?
 
Ponto fraco do vírus
Os pesquisadores do Instituto Weizmann desenvolveram um modelo matemático que propõe que as pessoas trabalhem em ciclos de duas semanas, com 10 dias de quarentena e 4 indo para o trabalho ou escola. Este modelo deve ser combinado com outras medidas, como distanciamento social. “É um modelo que alterna quarentena e trabalho/escola, um caminho intermediário que oferece um equilíbrio entre saúde e economia”, diz Uri Alon, professor de Biologia Computacional e de Sistemas e um dos pesquisadores que desenvolveram esse modelo, à BBC News Mundo, o serviço de notícias em espanhol da BBC.
 
A ideia é que, na mesma casa, pais e filhos saiam nos mesmos dias para trabalhar e estudar. “É previsível e justo, portanto pode ser realizado por meses até termos uma vacina, tratamento ou outra solução, e enquanto a economia pode ter produção quase contínua em turnos”, acrescenta Alon. O modelo basicamente tira proveito de um ponto fraco do coronavírus: seu período de latência, ou seja, o atraso médio de três dias entre o momento em que uma pessoa é infectada e o tempo em que pode infectar outras pessoas.
 
“Sabemos que quando uma pessoa é infectada, ela tem um período de latência de três dias antes de apresentar sintomas e pode espalhá-la para outra”, explicam os pesquisadores em seu estudo. Portanto, esse modelo cíclico funciona da seguinte forma: se uma pessoa estiver infectada em seus dias úteis, ela estará dentro do período de latência e atingirá apenas o pico da infecção em casa, durante os dias de quarentena, quando não mais estiver em contato com outras. Obviamente, se uma pessoa tiver sintomas, ela deverá permanecer em quarentena.
 
O número mágico
 
O objetivo é reduzir o chamado o número básico de reprodução ou R0.
R0 é o número de pessoas para quem um indivíduo pode transmitir um vírus, em média, supondo que ninguém está imune e que as pessoas não mudam seu comportamento para evitar adoecer. Ou seja, calcula a capacidade do vírus de se espalhar. Se o número de reprodução for maior do que 1 (ou seja um infectado pode transmitir o vírus para mais de uma pessoa), o número de casos aumentará exponencialmente. Governos de todo o mundo têm concentrado esforços em trazer esse número de reprodução para abaixo de 1. O R0 do coronavírus é aproximadamente 3. Isso significa que uma pessoa infectada infecta três outras, em média.
 
E, de acordo com modelos matemáticos desenvolvidos por pesquisadores israelenses, a regra 10-4, que restringe a capacidade do vírus de infectar muitas pessoas, mantém esse número abaixo de 1. Alon explica que se trata de um modelo que deve fazer parte de uma estratégia mais ampla para sair da quarentena e “deve ser combinado com outras medidas, como uso de máscaras, distanciamento físico, teste e proteção de grupos de risco”.
 
Vantagens e desvantagens
pode ser aplicado em qualquer escala: escolas, fábricas, cidades ou Estados. “É aplicável a qualquer lugar onde a quarentena possa ser efetivamente executada e não exige a realização de testes em massa, o que, infelizmente, é o que acontece na maioria da população”, explica Alon.
 
No entanto, o pesquisador reconhece que existem setores para os quais, embora esse modelo seja seguido, a reabertura é muito mais difícil. “Setores como boates e grandes eventos provavelmente não serão capazes de voltar ao início, e restaurantes e hotéis precisarão fazer grandes ajustes”. Enquanto isso, governos de todo o mundo estão estudando fórmulas para manter o equilíbrio entre a retomada da atividade econômica e o controle do número de infecções.
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POR: Rita Moraes
Publicado em 15/05/2020