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Premiado e polêmico o filme “Monos: Entre o Céu e o Inferno estreia 19 de novembro

Desde que estreou no Festival de Sundance em janeiro de 2019, MONOS: ENTRE O CÉU E O INFERNO tem colecionado prêmios (como no Festival Internacional de San Sebastián) e despertado discussões. Seus protagonistas são adolescentes que participam de uma guerrilha numa região remota de um país latino-americano qualquer. Com nomes como Rambo, Pé Grande e Smurf, diariamente fazem treinamento militar rígido enquanto também cuidam de uma prisioneira americana (Julianne Nicholson).

O diretor, nascido em São Paulo, filho de uma colombiana e um equatoriano, conta que as origens do projeto estão numa “guerra civil que parece não ter fim na Colômbia”. Ele aponta que recentemente, depois de muitos anos, há uma possibilidade de paz no ar. “MONOS: ENTRE O CÉU E O INFERNO explora esse momento pelo prisma de um filme de guerra. Embora essa seja a primeira chance da minha geração, esse não é o primeiro processo de paz da Colômbia, e, portanto, parece ameaçado por fantasmas. Esses fantasmas me inspiraram a construir o filme como um sonho febril.”

Landes, que assina o roteiro com Alexis Dos Santos, aponta que os romances O Senhor das Moscas, de William Golding, e O Coração das Trevas, de Joseph Conrad, foram algumas de suas principais influências na construção do longa, e ele compara os livros a uma tatuagem, tamanha a marca que deixam em quem os lê. Filmando na região do Rio Samaná, a cinco horas de Medelín, o diretor afirma que “há não muito tempo atrás, era uma região inacessível por causa das disputas entre as guerrilhas e os paramilitares, o que, paradoxalmente, deixou a área intocada. Uma benção estranha da violência colombiana.”.

O elenco é composto por atores e atrizes experientes como Moises Arías (“Hannah Montana”) e Julianne Nicholson (“Eu, Tonya”), e jovens estreantes. O personagem Rambo é interpretado por uma garota, Sofia Buenaventura, e, o diretor explica que, originalmente, deveria ser um rapaz, mas no processo de seleção isso se mostrou desimportante. “Ao assistir mais de 800 testes, percebemos que nos tornamos cegos ao gênero [sexual] do personagem. Os gêneros não são claros na história, e isso não é importante para a linguagem. Ainda assim é curioso acompanhar sessões, e ver que metade do público acredita que Rambo seja homem, e a outra metade, mulher. E, ainda assim, isso muda as impressões mais profundas do filme? Creio que não.”.

Desde sua estreia no Festival de Sundance em 2019, o filme tem sido bem recebido pela crítica mundial. A Variety o define como “uma experiência dura e lírica, brutal e bela, nervosa e abstrata […] singular.” Já a revista Rolling Stone diz que o longa “toma para si várias influências conhecidas. Mas há uma loucura específica e singular que é completamente sua.” No Brasil, MONOS: ENTRE O CÉU E O INFERNO teve sua primeira exibição na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo.

A equipe técnica do longa conta ainda com o diretor de fotografia Jasper Wolf, cujo trabalho foi definido pelo jornal inglês The Guardian como capaz de “capturar a beleza transcendente da paisagem”. Já a trilha sonora é de autoria da inglesa Mica Levi, indicada ao Oscar por seu trabalho em “Jackie”.  MONOS: ENTRE O CÉU E O INFERNO será lançado nos cinemas brasileiros a partir de 19 de novembro pela Pandora Filmes.

Sinopse

No topo de uma montanha, numa selva sul-americana, oito adolescentes têm a grande missão de cuidar de uma refém norte-americana, sequestrada por uma misteriosa organização. Na sua rotina, os jovens guerrilheiros passam por treinos rigorosos, mas também se divertem e vivem descobertas sexuais. Após uma noite de farra acabar em tragédia, eles sofrem uma emboscada e são obrigados a deixar o local. A refém acredita que esta é a sua grande chance de fugir. Mas a selva sempre surpreende.

Ficha Técnica

Direção: Alejandro Landes

Roteiro: Alejandro Landes & Alexis Dos Santos

Produção:  Alejandro Landes & Fernando Epstein

Elenco: Sofia Buenaventura, Julián Giraldo, Karen Quintero, Laura Castrillón, Moises Arías, Sneider Castro, Julianne Nicholson

Direção de Fotografia: Jasper Wolf

Desenho de Produção: Daniela Schneider

Trilha Sonora: Mica Levi

Montagem: Yorgos Mavropsaridis, Ted Guard e Santiago Otheguy

Gênero: drama, suspense, guerra

País: Colômbia, Argentina, Holanda, Alemanha, Suécia, Uruguai, Estados Unidos, Suíça, Dinamarca, França,

Ano: 2019

Duração: 102 min.

SOBRE A PANDORA FILMES

A Pandora é uma distribuidora de filmes independentes que há 30 anos busca ampliar os horizontes da distribuição de filmes no Brasil revelando nomes outrora desconhecidos no país, como Krzysztof Kieślowski, Theo Angelopoulos e Wong Kar-Wai, e relançando clássicos memoráveis em cópias restauradas, de diretores como Federico Fellini, Ingmar Bergman e Billy Wilder. Sempre acompanhando as novas tendências do cinema mundial, os lançamentos recentes incluem “O Apartamento”, de Asghar Farhadi, vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro; e os vencedores da Palma de Ouro de Cannes: “The Square – A Arte da Discórdia”, de Ruben Östlund e “Parasita”, de Bong Joon Ho.

Paralelamente aos filmes internacionais, a Pandora atua com o cinema brasileiro, lançando obras de diretores renomados e também de novos talentos, como Ruy Guerra, Edgard Navarro, Sérgio Bianchi, Beto Brant, Fernando Meirelles, Gustavo Galvão, Armando Praça, Helena Ignez, Tata Amaral, Anna Muylaert, Petra Costa, Pedro Serrano e Gabriela Amaral Almeida.

POR: Rita Moraes
Publicado em 23/10/2020