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O show não pode parar e as “lives” estão aí para mostrar isso

A pandemia chegou e mudou profundamente as relações humanas, já muito virtualizadas, com o avanço das redes sociais. O impacto maior acontece nas relações das empresas com o consumidor, e muito mais profundamente, em profissões artísticas, que dependem da presença do público. As “lives” (transmissões ao vivo pela web) se proliferaram como uma ferramenta eficaz para amenizar o isolamento social e ganharam dimensões nunca vista.

A tendência acontece nas mais diferentes atividades. Mas, o fenômeno levou muitos artistas, alguns com pouca habilidade com transmissões pelas redes sociais e youtube a meter as caras e experimentar a novidade, antes muito usada pelos influenciadores digitais ou internautas mais ousados. A música tem sido um alento, um sopro de ânimo para a maioria das pessoas, que obrigadas a ficarem isoladas de familiares e amigos, há meses, já mostram sinais de tristeza e depressão.

As lives se proliferam dia a dia, com tal força, que segundo críticos musicais, como o jornalista Mauro Freire, se tornarão nichos de mercado, após o fim da pandemia.

Um exemplo de como a pandemia alterou a rotina de cantores, é o caso de Simone. No alto dos seus 70 anos, esbanjando vitalidade, a Cigarra tem feito “lives” durante a pandemia do coronavírus. Todos os domingos, uma  legião de fãs da cantora aparecem online, para ouvir uma Simone apresentar sucessos consagrados em sua carreira. Na última “live”, realizada dia 14, mais de 6 mil pessoas estavam plugadas. O que chama a atenção são as conversas e causos de sua carreira e vida pessoal, que a artista comenta no intervalo das músicas, além da habilidade com o pandeiro. Solta, leve e dona de si, a baiana Simone, é uma das mais bem  sucedidas entre os representantes da MPB.

Outra, que faz sucesso com lives temáticas é a cantora e sambista Tereza Cristina. Suas madrugadas recheadas de prosa e música são marcadas pela espontaneidade, regadas a cerveja e boa música.  Um detalhe da live de Tereza são os participantes, alguns convidados a interagir. O ex-presidente Lula e sua namorada Janja apareceram online, o que provocou choro e emoção na intérprete. Já os encontros virtuais da paulistana Monica Salmaso, considerada uma das melhores cantoras do Brasil, vem se sobressaindo com a série “O de casa”. São 21 encontros musicais, com uma seleção musical zelosa.

Obviamente, outras lives conseguem milhões de espectadores, a exemplo das realizadas pelos cantores sertanejos, com destaque para a Marilia Mendonça (73 milhões de views em duas lives), a dupla Jorge & Mateus (47 milhões de views em duas lives), Gustavao Lima (46 milhões de views em duas lives), Bruno & Marrone (41 milhões de views em duas lives) e Zé Neto e Cristiano (35 milhões de views em duas lives). No Pop Nacional Sandy & Junior se destacam com 18 milhões de views, e no pagode, o campeão foi o grupo Jeito Moleque, que obteve 1,4 milhões de views em uma só live.  

Outros nomes, como Gal Costa, Ana Carolina, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Marisa Monte e Milton Nascimento ainda não apostam nesse nicho e certamente o público deles sente falta da interação promovida pelas lives. Talvez acreditem em um retorno mais imediato da normalidade dos shows, entretanto, o cenário mostra que estamos longe de uma vacina eficaz e a música não pode faltar, enquanto isso não acontece.

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POR: Rita Moraes
Publicado em 21/06/2020