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MOMA expõe 130 obras da artista brasileira Tarsila do Amaral

 

 

Quem mora ou vai visitar Nova York não pode deixar de conferir as obras da artista brasileira Tarsila do Amaral, expostas no MOMA – Museu de Arte Moderna de Nova York. São 130 objetos, incluindo a famosas e icônica “Abaporu”, quadro pintado em 1928 como presente para o marido de Tarsila, o escritor Oswald de Andrade.
 
A exposição é viagem de ida e volta entre São Paulo, seu estado natal, e  Paris, onde a artista estudou na famosa escola internacional Académie Julian. Lá  aprendeu lições de André Lhote, Albert Gleizes e Fernand Léger e posteriormente misturou as ideias da arte moderna com a estética de seu país.
 
Tarsila do Amaral já havia sido reconhecida na Europa, como quando a Fundação Juan March dedicou-lhe uma exposição em 2009, em Madri, que foi o grande sucesso naquela época na Europa. No entanto a exposição no MOMA é uma das poucas retrospectivas que mostram toda a obra e como sua linguagem visual amadureceu ao longo de sua carreira.
 

Esta é segundo os críticos de arte, uma das mais importantes exposições já realizadas no exterior de Tarsila. A artista que inventou o Brasil moderno nas telas nem sempre pintou o próprio país. Em 1920, Tarsila do Amaral foi morar em Paris. Lá, criou telas sombrias, com linhas cubistas, inspiradas no movimento artístico que dominava a Europa naquela época.

Tarsila do Amaral viveu em um período rico culturalmente e conviveu de perto com artistas como o pintor catalão Pablo Picasso e o escultor romeno Constantin Brancusi. Na bagagem, levou um pouco de Brasil. Mas sempre esbarrou na resistência dos professores franceses para criar um estilo próprio.

“Ela costumava servir feijoada, caipirinha, cigarro de palha. Ela já queria ser a pintora do nosso país e já levar mostrar as cores brasileiras, as cores caipiras que os professores falavam para ela que eram cores que ela não devia usar, todas juntas”, contou Tarsilinha do Amaral, sobrinha-neta da artista.

Ignorando os conselhos, voltou a São Paulo e, junto com a pintora Anita Malfatti e os escritores Mário de Andrade, Menotti del Picchia e Oswald de Andrade organizou a Semana de Arte de Moderna de 1922, um movimento que revolucionou a nossa arte.

Os primeiros sinais de que encontrava as cores que tanto buscava surgiram no ano seguinte, na tela “A negra”. Tarsila pintou a figura da mulher assimétrica depois de uma viagem ao interior de São Paulo, onde nasceu.

Entre as obras expostas no Museu de Arte Moderna de Nova York está o “Abaporu”, o quadro mais famoso de Tarsila do Amaral.

O Abapuru

O quadro acabou virando símbolo do “Manifesto antropofágico”, um movimento criado pelos modernistas que absorvia influências europeias para criar uma arte genuinamente brasileira.

“O ‘Abaporu’  condensa toda a tradição de todos os grandes artistas ocidentais, mas é também a figura da modernidade, é também o canibal, um monstro, é uma figura assexual, é mulher, é realmente uma figura universal”, diz o curador da exposição Luiz Péres-Oramas.

Universal e de digestão prolongada. Nos anos 1960, a obra de Tarsila influenciou outro movimento, desta vez, na música. A Tropicália de Caetano, Gil e Gal.

“A Tarsila se antecipou a isso. Se antecipou na invenção de uma pintura que encarna a brasilidade como provavelmente nenhuma outra antes dela. Não tem discussão. Estamos aqui para celebrar que ela é definitivamente é uma das grandes pintoras modernas”, afirma Luiz Péres-Oramas.

Serviço

Exposição Inventing Modern Art in Brazil

11 W 53rd St, New York, NY 10019
Até 3 de junho de 2018
POR: Rita Moraes
Publicado em 13/03/2018