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Escândalos na Diocese de Limeira (SP): conheça os três padres acusados de abusos sexuais

São quatro décadas de acontecimentos escabrosos que têm como atores de crimes sexuais padres da igreja Católica do Brasil. Quatro desses padres tiveram seus nomes divulgados em matéria de capa da Revista Veja, publicada em 1 de agosto de 2019. Conheça algumas da vitimas, que autorizaram a divulgação de fotos. 

Um dos investigados chama-se Dom Vilso Dias de Oliveira, Bispo Emérito da Diocese de Limeira, interior de São Paulo. Segundo informação da Polícia o religioso atuou permitindo e acobertando os padres abusadores sexuais. Há fortes indícios de que o Bispo recebia propina  para não reportar os fatos e institui os “mensalinhos dos abusos”.

Três clérigos estão na lista: Pedro Leandro Ricardo (teria abusado de 6 adolescentes, desses cinco ex-coroinhas). Segundo relatos das vítimas à polícia, o padre molestava os meninos na sacristia e os obrigada a fazer sexo oral dentro da casa paroquial. Felipe Nigro é outro investigado por assediar um coroinha e faze sexo por dinheiro com um ex-seminarista. Já Carlos Alberto Rocha foi acusado de abusar e torturar um coroinha por um ano. 

Os padres foram afastados dos cargos, proibidos de realizar missas, mas seguem recebendo salários e a proteção do Vaticano, uma vez que não foram excomungados pelo Papa Francisco.  Pedro Leandro Ricardo, que atuava na Basílica Santo Antônio de Pádua, de Americana, tornou-se réu em processo de abuso sexual iniciado na Justiça de Araras. Ele foi denunciado pelo Ministério Público (MP), pelos crimes de abusos sexual contra quatro vítimas cometidos entre 2002 e 2006. As vítimas estão cobrando à Igreja Católica indenizações que chegam a US$ 3 milhões (mais de R$ 11 milhões).

Casos do Pedro Leandro Ricardo

Depois de celebrar uma missa em Araras, zona rural de São Paulo, o padre Pedro Leandro (32 anos) convidou o coroinha Ednan Aparecido Vieira, na época com17 anos para dormir na casa paroquial, usando a desculpa que seria melhor para que ele pudesse o ajudar na missa de domingo pela manhã. Inocente, o adolescente aceitou o convite. Chegando lá, o padre começou a puxar conversa sobre assuntos íntimos com o rapaz. Vai ao banheiro tomar banho e saí vestindo apenas uma cueca samba-canção. Começa a se masturbar  e pede a Ednand que fizesse sexo oral com ele. O garoto consegui fugir dali. No outro dia, durante a missa, o padre Pedro Leandro fingiu que nada acontecera. Haviam 10 anos servindo como coroinha na igreja, e por tal motivo, sendo orfão, o garoto seguiu com a atividade. Mas, uma semana depois do fato, o padre dispensou o coroinha. Ednan (foto) integra o grupo de cinco pessoas – três homens, duas transexuais e uma mulher que denunciou o pároco, hoje, com 51 anos de idade. 

Conhecido como um líder religioso carismático, padre Pedro Leandro teve sua verdadeira face revelada, em 2018, quando a advogada Talihta Camargo e o produtor de audiovisual José Eduardo Milani enviaram um dossiê  de 68 páginas para o Vaticano, com os depoimentos das 6 vítimas, as quais a advogada representa. Segundo a advogada no processo o padre Pedro Leandro contava sempre com a proteção de Dom Vilson Dias de Oliveira.

Dois meses depois de o Vaticano receber a denúncia Leandro foi afastado do cargo e o Bispo renunciou ao cargo. O atual Bispo é Dom José Roberto Fortes.

Novas regras do Vaticano

Em fevereiro de 2020, o Papar Francisco convocou 114 presidentes de conferências episcopais, como a CNBB, cardeais e embaixadores, para um encontro no Vaticano a fim de discutir o tema. O resultado foi a publicação de uma carta motu proprio, modificando a legislação da igreja no quesito abuso: é obrigatório que padres e religiosos denunciem as autoridades eclesiásticas casos abusos sexuais. 

Mensalinho do abuso sexual cometido por clérigos – como funcionava

Segundo as vítimas dos três padres citados nesta matéria, as propinas existiram de fato. O Bispo Dom Vilso Dias de Oliveira possui dez imóveis registrados em seu nome em São Paulo, metade em Guaíra e outros no litoral, em Itanhém. A soma supera R$ 1,5 milhão e meio de reais. 

Modus Operandi dos três padres é similar

As vítimas dos padres Pedro Leandro Ricardo, Felipe Nigro e Carlos Alberto Rocha três perfis semelhantes, maioria nascidos em famílias pobres e desestruturadas. Muitos dependiam da igreja para as três refeições e tinham os párocos como pais adotivos.

Corrupção e homosexualismo

Padre Pedro Leandro teria caso com outro padre Diego Rodrigues e já foi visto beijando na sacristia e namorando na casa paroquial. Chegado a exageros, o pároco realizou um desfile de Nossa Senhora carregada por um carro modelo Corvetti vermelho conversível pelas ruas de Americana (SP). Ele é acusado também de nunca ter prestado contas da venda de um chácara que pertencia à Basílica de Santo Antonio de Pádua, arremata por R$ 1,1 milhões de reais.

 

 

POR: Rita Moraes
Publicado em 12/08/2020