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De Major da PM a traficante internacional de drogas: A saga criminosa do Major Carvalho, o Pablo Escobar brasileiro

Sérgio Roberto de Carvalho, o ex-major da Polícia Militar do Mato Grosso do Sul que foi preso na Hungria, na última terça-feira, 21, sob acusação de tráfico de drogas já tem condenações na Justiça brasileira.

A Polícia Federal confirmou a recente prisão do Major Carvalho, também é conhecido como o “Pablo Escobar brasileiro”.

Ele foi para a reserva da PM em 1997. Um ano depois, foi condenado a mais de 15 anos de prisão pelo tráfico de cerca de 230 quilos de cocaína. O ex-PM sofreu também um processo para a perda do posto e da patente.

Ele foi demitido da PM do Mato Grosso do Sul apenas em 2018.

Criminalidade

O Major Carvalho comanda uma organização criminosa internacional, segundo a Polícia Federal: o grupo dele envia drogas de portos brasileiros (principalmente o de Paranaguá e o de Natal) para Europa, África e Ásia.

A quadrilha faz diversas ações para levar cocaína para outros países. Uma parte dessas tentativas de exportação de droga é descoberta pela polícia, mas mesmo os agentes afirmam que o Major Carvalho consegue vender certa quantidade de droga.

Na Europa, o ex-major se escondia com uma identidade falsa: ele fingia que era um empresário do Suriname chamado Paul Wouter.

Vida nababesca

Sergio vivia em uma mansão avaliada em 2 milhões de euros na cidade de Marbella, no sul da Espanha.

Em agosto de 2020, a polícia espanhola o prendeu por suspeitar que ele tinha levado cocaína para a Europa em um barco, mas eles não sabiam que o homem, na verdade, era o brasileiro Major Carvalho. Foi detido como se fosse Paul Wouter.

O brasileiro pagou fiança e foi solto. Para não ter que comparecer a um tribunal de Justiça, enviou um atestado de óbito de Paul Wouter e inventou que o personagem que ele havia criado tinha morrido de Covid-19.

Depois disso, as autoridades brasileiras alertaram que o homem, na verdade, não era do Suriname e nem tinha esse nome.

Quando as agências de segurança europeias foram avisadas, começaram a fazer buscas em imóveis das empresas do Major Carvalho.

Em uma dessas buscas, em Portugal, foram achados 12 milhões de euros.

Mas, o brasileiro estava foragido. Não se sabia qual era seu paradeiro até ser preso na Hungria.

Dinheiro a receber do Estado do Mato Grosso do Sul 

Sérgio possui cerca de R$ 1,3 milhão a receber de aposentadoria pela Polícia Militar em Mato Grosso do Sul.

O ex-PM sofreu um processo para a perda do posto e da patente e, em junho de 2010, teve a aposentadoria suspensa.

Em outubro de 2016, porém, o desembargador Claudionor Miguel Duarte mandou a Agência de Previdência do Mato Grosso do Sul voltar a pagar a aposentadoria ao ex-major, sob pena de crime de desobediência.

A alegação é de que a condenação do ex-PM veio depois de ele ter sido transferido para a reserva remunerada. Os advogados do major Carvalho querem que a agência pague a ele R$ 1,3 milhão pelos 6 anos que ele não recebeu o benefício.

Entenda o caso

  • Segundo a Polícia Federal, Sérgio Roberto de Carvalho — conhecido como major Carvalho — comanda uma organização criminosa internacional.
  • Ele teria montado um esquema para mandar grandes quantidades de cocaína para Europa, África e Ásia.
  • Na Europa, o ex-major brasileiro se escondeu em uma identidade falsa: Paul Wouter — um suposto empresário — do Suriname – que escolheu Marbella, uma cidade do sul da Espanha para viver.
  • A polícia europeia desmontou parte dessa história. O verdadeiro negócio do empresário era o tráfico de drogas.
  • Em agosto de 2020, o latino Paul Wouter — que era na verdade o ex-major e traficante brasileiro — chegou a ser preso.
  • A suspeita: chefiar a quadrilha que trouxe cocaína da América do Sul para a Europa em uma embarcação, mas ele pagou fiança.
  • Polícia portuguesa encontrou 12 milhões de euros em endereço ligado ao traficante.
  • A fuga aconteceu depois que a polícia europeia foi comunicada sobre a outra parte da história — a sua identidade falsa.
  • Antes disso, o ex-major já tinha enganado a Justiça com uma outra farsa: um atestado de óbito forjado que o livrou de aparecer como Paul Wouter no julgamento pela droga apreendida no barco. A causa da morte? Covid-19.
  • Quem alertou a polícia europeia que Paul e o ex-major Carvalho eram a mesma pessoa foi a Polícia Federal brasileira.

 

POR: Rita Moraes
Publicado em 21/06/2022