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“Auto de João da Cruz” de Ariano Suassuna, ganha versão online

Dando continuidade às comemorações pelos 10 anos de criação da Cia OmondÉ, a atriz e diretora Inez Viana apresenta o espetáculo Auto de João da Cruz, de Ariano Suassuna, de 5 a 28 de marçono YouTube da companhia (bit.ly/omondeyoutube), com sessões gratuitas, de sexta a domingo, às 19h.

O elenco é formado por integrantes da OmondÉ e atores convidados. Em cena estão André Senna, Elisa Barbosa, Iano Salomão/Joel Tavares, Junior Dantas, Leonardo Bricio, Luis Antonio Fortes, Tati Lima e Zé Wendell. O Governo Federal, o Governo do Estado do Rio de Janeiro e a Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através da Lei Aldir Blanc, apresentam “O Auto de João da Cruz”.

Escrito em 1950, o texto de Suassuna é uma recriação do “Fausto”, de Goethe, cuja trama traz também elementos de três romances populares nordestinos – História de João da Cruz, História do Príncipe do Reino do Barro Branco e a Princesa do Reino do Vai-não-Torna e O Príncipe João Sem Medo e a Princesa da Ilha dos Diamantes — de Leandro Gomes de Barros, Severino Milanez da Silva e Francisco Sales Areda, respectivamente.

Gravada com seis câmeras no Teatro Firjan SESI Centro, mesma sala em que estreou em janeiro de 2020, a peça conta a história de João, jovem ambicioso que, inconformado com a ausência do pai e com a miséria em que vive, resolve sair de casa, deixando tudo para trás, em busca de riquezas. O Guia (espécie de diretor da peça) e o Cego (aqui simbolizando o Diabo) fazem, então, uma aposta pela alma de João que, ilusoriamente, passa a ter tudo que deseja. Ao mesmo tempo em que vai perdendo sua humanidade, João vai se distanciando da família e dos amigos e se transformando em um homem frio e perverso. Quando, enfim, recobra a consciência, já é tarde demais para se arrepender dos males que causou.

“Ensaiamos por duas semanas remotamente pela plataforma Zoom e, depois que a equipe foi testada negativa para o novo coronavírus, gravamos tudo em três dias no Teatro Firjan SESI Centro. Decidimos filmar com seis câmeras para apresentar ao espectador visões diferentes do espetáculo: de dentro do palco, cima, possibilidades de outros ângulos dos atores etc.”, conta a diretora Inez Viana. “Foi uma emoção gravar no Sesi, último teatro em que a Cia OmondÉ se apresentou com ‘Auto de João da Cruz’antes da pandemia. A primeira e única temporada do espetáculo foi lá. Estávamos com turnê marcada em várias cidades, mas tivemos que adiar os planos por conta do isolamento social, lembra.

A peça “Auto de João da Cruz” teve sua primeira montagem profissional pela Cia OmondÉ, que ganhou o texto de presente de Manuel Dantas Suassuna, filho de Ariano. “Suassuna é eterno, atemporal, nunca sairá de moda. A história dessa peça é sobre a insana ambição humana, que pode levar o homem a se perder de seus valores mais profundos e a cometer os piores crimes. Infelizmente, é um texto extremamente atual”, ressalta Inez.

Bate-papo e oficina

No dia 17 de março, às 19h, haverá uma palestra no canal do YouTube da Cia Omondé (http://bit.ly/omondeyoutube) com o escritor e professor Carlos Newton Júnior, maior especialista na obra de Ariano Suassuna. A apresentação ficará a cargo da atriz e diretora Inez Viana. Para participar, os interessados deverão seinscrever no canal do YouTube da Cia.

Nos dias 23 e 24 de março, das 14h às 17h, aconteceuma oficina virtual gratuita com os integrantes da OmondÉ sobre os processos de criação da Cia nestes 10 anos de atividades. Serão dois encontros voltados para 30 profissionais e estudantes do segmento artístico, que deverão enviar uma breve carta de intenção para e-mail circulacao.omonde@gmail.com,com o assunto “Inscrição oficina”.

Inez e Ariano: amizade e parceria

A diretora manteve uma parceria com Suassuna nosúltimos 16 anos de vida do escritor. O primeiro encontro foi 1998, quando Inez se apresentou em Recife e o autor estava na plateia. Um ano depois, em 1999, ela dirigiu o documentário “Cavalgada à Pedrado Reino”, onde o narrador principal era o próprio Suassuna. Ali, nascia uma amizade que deu origem adiversos projetos. Inez produziu o primeiro Festival Ariano Suassuna no Rio de Janeiro (2001), o Encontro com Ariano Suassuna (parceria com o Sesc RJ, em 2004) e fez a curadoria artística do evento de seus 80 anos (2007), produzido pela Sarau Agência de Cultura, que culminou com uma aula-espetáculodo homenageado, no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.

Criada a partir de um encontro teatral que resultou na montagem do “As Conchambranças de Quaderna”, de Suassuna, a Cia OmondÉ celebra uma década de trajetória voltando ao autor que uniu nove atores de diferentes lugares do Brasil. “Quando me convidaram para dirigir minha primeira peça profissional, recorri ao autor do ‘Auto da Compadecida’. E ele, generosamente, como era de seu feitio, me concedeu ‘As Conchambranças de Quaderna’, texto inédito, tendo sido montado apenas por dois grupos amadores do Nordeste. Foi esse espetáculo que deu origem a OmondÉ”, lembra Inez.

Sobre a Cia OmondÉ

Criada em 2010, a partir de um encontro teatral que resultou na montagem de “As Conchambranças de Quaderna”, de Ariano Suassuna, a Cia OmondÉ é a concretização de um desejo que a atriz e diretora Inez Viana nutriu por mais de duas décadas. Naquela ocasião, movidos pela vontade de compartilhar processos e criar em colaboração, nove atores de diferentes lugares do Brasil e Inez, iniciaram uma pesquisa, dialogando com diferentes recursos do teatro e da dança contemporâneos, que se mantêm presentes nas obras atuais da companhia.

A OmondÉ tem em seu repertório oito peças, todas de autores brasileiros, clássicos e contemporâneos, como Ariano Suassuna, Nelson Rodrigues, Grace Passô, Jô Bilac, Alcione Araújo e segue na busca de uma linguagem cênica que dialoga com temas vigentes, contribuindo para a reflexão sobre o papel do artista na sociedade.

A companhia tem oito peças montadas, todas com direção de Inez Viana: “Auto de João da Cruz” (2020), “A Mentira”, de Nelson Rodrigues (2018); “Mata Teu Pai”, de Grace Passô (2017); “Os Inadequados”, criação coletiva Cia OmondÉ (2015); “Infância, Tiros e Plumas”, de Jô Bilac (2014); “Nem mesmo todo o oceano”, de Alcione Araújo, adaptação Inez Viana (2013); “Os Mamutes”, de Jô Bilac (2012)e “As Conchambranças de Quaderna”, de Ariano Suassuna (2009).

Sobre Inez Viana

Atriz, diretora e dramaturga, com bacharelado em Artes Cênicas e pós- graduação em direção teatral, ambos pelo Instituto CAL, RJ.  Dirigiu mais de 16 peças, tendo recebido duas indicações de melhor direção do Prêmio Shell, uma da APTR, uma do Questão de Crítica e uma da APCA. Como atriz, recebeu uma indicação do Prêmio Shell e uma da APTR. Ganhou o Prêmio Qualidade Brasil em 2008, por “A mulher que Escreveu a Bíblia” e o Prêmio Questão de Crítica pelo melhor elenco de “Krum”. Ganhou também dois Prêmios Contigo! de melhor espetáculo para “As Conchambranças de Quaderna”, de Ariano Suassuna (júris oficial e popular), e o Prêmio FITA de melhor direção para “Os Mamutes”, de Jô Bilac .  

Como atriz, destacam-se os espetáculos: “A mulher que Escreveu a Bíblia”, de Moacyr Scliar, adaptação de Thereza Falcão e direção de Guilherme Piva (2007); “Na Selva das Cidades”, de Bertold Brecht, direção de Aderbal Freire-Filho (2012); Fluxorama, de Jô Bilac, direção Viniciús Arneiro, Rita Clemente e Inez Viana (2013); “Krum”, de Hanock Levin, direção de Marcio Abreu (2015); e “Nu de Botas”, de Antônio Prata, direção de Cristina Moura (2017) e “Por favor venha voando”, de Pedro Kosovski, direção de Georgette Fadel, ao lado de Debora Lamm, no CCBB Rio de Janeiro (2019). Junto com nove atrizes e atores, fundou, em 2010, a Cia OmondÉ.

Em 2017, escreveu “A Última Peça”, seu primeiro texto teatral, publicado pela editora Cobogó e encenado em 2018 no Sesc Pompeia e no Sesc Copacabana em 2019, sob direção de Danilo Grangheia.

Ficha Técnica

Cia OmondÉ apresenta “Auto de João da Cruz

Texto: Ariano Suassuna

Direção: Inez Viana

Elenco: André Senna, Elisa Barbosa, Iano Salomão/Joel Tavares, Junior Dantas, Leonardo Bricio, Luis Antonio Fortes, Tati Lima e Zé Wendell.

Direção de movimento: Denise Stutz

Iluminação: Ana Luzia de Simoni  

Figurino: Flavio Souza

Consultoria musical: Fábio Campos

Assessoria dramatúrgica: Carlos Newton Jr.

Cenotécnico: André Salles

Assistente de Cenografia e Contrarregra: Matheus Ribeiro

Redes Sociais, Edição e Operação de Luz:Rodrigo Menezes

Programação Visual: André Senna

Câmeras: Bem Medeiros, Cauê Monteiro, Clara Trevia, Theus Santos e Victória Roque + GoPro.

Coordenação audiovisual e online: Bem Medeiros e Rodrigo Menezes

Assessoria de imprensa: Paula Catunda e Catharina Rocha

Produção: Eu + Ela Produções Artísticas e Pé de Vento Produções

Direção de produção: Douglas Resende e Jéssica Santiago 

Produção Executiva: Bem Medeiros

Assistente de Produção: João Paulo Rodrigues

Catering: Walter Silveira

Transporte: Gerson dos Santos

Realização: Cia OmondÉ

Espetáculo gravado no Teatro Firjan Sesi Centro nos dias 09, 10 e 11 de fevereiro de 2021.

Serviço

Espetáculo: “Auto de João da Cruz”
Temporada online: de 5 a 28 de março de 2021

Dias e horários: de sexta a domingo, às 19h

Local: YouTube da Cia OmondÉ (bit.ly/omondeyoutube),

Classificação: 14 anos. Duração: 90 min. Gratuito

POR: Rita Moraes
Publicado em 02/03/2021