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Astes Plásticas de Luto: Morre o escultor Mário Cravo Junior

 

Faleceu hoje, aos 95 anos, o escultor Mário Carvo Junior. Ele estava internado no Hospital Tereza de Lesiex, desde ao dia 17 de julho. De acordo com a assessoria da unidade de saúde, Mário Cravo Júnior teve falência múltipla de órgãos e morreu por volta das 10h19.

Suas obras estão eternizadas em museus e espaços abertos em Salvador, várias cidades do Brasil e no exterior. Entre as famosas esculturas estão “O monumento às quatro raças”, na Praça Cayru, bairro do Comércio, “A cruz caída”, na Praça da Sé, a escultura de Ruy Barbosa, no Fórum de Nazaré, a sereia de Itapuã, o memorial a Clériston Andrade, na Avenida Garibaldi, e o Parque das Esculturas, em Pituaçu, onde existe o acervo do artista com cerca de três mil obras, entre elas a “Via Crucis”.

Foram mais de 70 anos de atividade profissional, Mário Cravo Júnior foi premiado nacional e internacionalmente, e foi um dos artistas plásticos que mais estimulou e valorizou os elementos da cultura popular para produzir arte.

Em nota, o governador da Bahia, Rui Costa falou da importância de Mário Cravo  Júnior para a arte produzida na Bahia. “Mário Cravo Júnior soube ser local e universal em sua arte única. Escultor, gravador, desenhista e professor, percorreu o mundo, juntou conhecimento e experiências; e voltou à Bahia como professor universitário e diretor de museu, com uma bagagem artística extraordinária. Perdemos um ilustre nome das artes, que se eternizará na memória de todos os baianos. Neste momento de dor, solidarizamo-nos com os familiares e amigos mais próximos e transmitimos nosso profundo sentimento de pesar”, disse o governador.

Sobre Mário Cravo Junior

Escultor, gravador, desenhista, professor. Filho de um próspero fazendeiro e comerciante, executa suas primeiras esculturas entre 1938 e 1943, período em que viaja pelo interior da Bahia. Em 1945, trabalha com o santeiro Pedro Ferreira, em Salvador, e muda-se para o Rio de Janeiro, estagia no ateliê do escultor Humberto Cozzo (1900 – 1973). Realiza sua primeira exposição individual em 1947, em Salvador. Nesse ano, é aceito como aluno especial do escultor iugoslavo Ivan Mestrovic (1883 – 1962) na Syracuse University, no Estado de Nova York, Estados Unidos, e, após a conclusão do curso, muda-se para a cidade de Nova York. De volta a Salvador, em 1949, instala ateliê no largo da Barra, que logo se torna ponto de encontro de artistas como Carlos Bastos (1925), Genaro (1926 – 1971) e Carybé (1911 – 1997). Em 1954, passa a lecionar na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia – UFBA. Entre 1964 e 1965, mora em Berlim, patrocinado pela Fundação Ford. Retorna ao Brasil em 1966, ano em que obtém o título de doutor em belas artes pela UFBA e assume o cargo de diretor do Museu de Arte da Moderna da Bahia – MAM/BA, posição que ocupa até 1967. Em 1981 coordena a implantação do curso de especialização em gravura e escultura da Escola de Belas Artes da UFBA. Em 1994, doa várias obras para o Estado da Bahia, que passam a compor o acervo do Espaço Cravo, localizado no Parque Metropolitano de Pituaçu, em Salvador.A obra de Mario Cravo Júnior transita entre as mais diversas tradições artísticas, que incluem cerâmica, imaginária popular, ex-votos e manifestações culturais regionais com as quais entra em contato nas inúmeras viagens que realiza, ainda muito jovem, pelo interior do Nordeste.

Na década de 1940, o artista, além do desenho e da pintura, dedica-se à escultura, tendo como materiais principais a madeira, as pedras e os metais, e volta-se ao aproveitamento das formas naturais. O uso do ferro e a temática inspirada em mitos afro-brasileiros intensificam-se durante a década de 1960, gerando a série Alados.

Sua obra incorpora bases arcaicas ligadas ao universo popular baiano, apresentando também um refinamento tecnológico. A simplificação formal dessas peças, nas quais o artista busca formas puras, despojadas e relacionadas ao mundo orgânico e natural, faz com que seus trabalhos apresentem afinidades com obras de Barbara Hepworth (1903 – 1975) e Henry Moore (1898 – 1986).

POR: Rita Moraes
Publicado em 01/08/2018