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Médicos reforçam importância de avanço na vacinação

Enquanto o Brasil enfrenta ainda dificuldades para vacinar a população contra a Covid-19, diante de fatores que vão desde a oferta de imunizantes até a resistência ou desinteresse de parte da população e se vacinar ou completar sua imunização com a segunda dose, uma nova dúvida junta-se ao cenário que ainda afasta o país do final da pandemia: será necessária uma terceira dose de vacina?

A questão vem sendo estudada em vários países e pelos fabricantes dos imunizantes disponíveis. No Brasil, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou a aplicação da terceira dose da vacina contra a Covid-19 a partir do dia 15 de setembro. O reforço começaria pelos idosos com mais de 70 anos e imunossuprimidos.

De acordo com a infectologista da S.O.S. Vida, Monique Lírio, o mais importante hoje para o controle da pandemia, não apenas no Brasil como no mundo, é ampliar a vacinação, visto que o maior número de casos graves da doença é entre os não vacinados.

“Por enquanto, não há dados que sustentem a necessidade de uma dose de reforço para a população em geral. A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que, antes de se pensar em doses de reforço, a principal preocupação deve ser que a maioria das pessoas no mundo seja vacinada. Há países onde apenas 1% dos adultos recebeu uma dose de imunizante”, completa.

Para Matheus Todt, também infectologista da S.O.S. Vida, embora alguns países, como o Brasil, estejam programando uma terceira dose das vacinas, baseados em alguns estudos já publicados, a real necessidade de reforço da vacinação só será revelada com a observação da população vacinada e com a realização de mais estudos.

“Existem muitos estudos em andamento, inclusive no Brasil. Hoje, já há alguma evidência de que uma terceira dose da vacina melhore a proteção contra a Covid-19.  Hoje, porém, não podemos nem falar que a vacinação está controlando a pandemia. Temos primeiramente que ter mais de 70% da população completamente vacinada para podermos falar em controle. O que já vemos é que há uma grande redução do número de casos graves, principalmente em idosos. Nos EUA, por exemplo, 99% dos pacientes com Covid-19 grave internados são não vacinados, ou seja, apenas 1% dos vacinados apresentou forma grave”, detalha.

Avançando entre os jovens

Enquanto os municípios fazem campanha para convocar jovens maiores de 18 anos para a vacinação, tendo em visto que muitos não compareceram para receber sua primeira dose, além de tentar também sensibilizar as pessoas que não completaram o calendário vacinal com as duas doses, as cidades tentam também avançar entre os mais jovens.

Salvador já iniciou a vacinação de adolescentes com comorbidades e abriu cadastramento para jovens acima de 12 anos fora dos grupos de risco.

“Apesar de ser um público menos acometido por formas graves (muito embora crianças e adolescentes também possam manifestar formas graves ou mesmo morrer por Covid-19), eles representam um fator muito importante de propagação da doença. Vacinar essa faixa etária pode, sim, ajudar no controle da pandemia, além de evitar internações e mortes dos mais jovens”, opina Matheus Todt.

O médico aponta ainda que, além da pandemia, o Brasil e outros países enfrentam o desafio da “infodemia” – a propagação de notícias falsas.

“Estima-se que isso tem causado danos sociais e econômicos equivalentes ao da pandemia. O fato é que os estudos têm mostrado que o benefício do uso da vacina é absurdamente superior aos seus riscos. É muito mais provável morrer por um efeito colateral de analgésico do que por uma vacina contra Covid-19, por exemplo. As pessoas não podem ter a menor dúvida de que a vacina é segura, irá protegê-las e é a forma mais rápida de controlarmos a pandemia”, repete.

Cuidados seguem necessários

Monique reforça que além da vacinação e mesmo entre as pessoas imunizadas, é preciso continuar tomando todos os cuidados para reduzir a propagação do coronavírus.

“Precisamos continuar com o uso de máscaras, que evita que as pessoas contaminadas espalhem o vírus e também é uma proteção, além da higienização constante das mãos e evitar aglomerações”, reforça. 

POR: Rita Moraes
Publicado em 03/09/2021