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Maclaren chega ao Brasil apesar da crise

A McLaren  inaugurou nesta terça-feira, 08, em São Paulo, sua primeira loja no Brasil. A montadora é classificada dentro do mercado de luxo, como a que fabrica e comercializa os itens mais exclusivos. Escolher o acabamento do carro requer cuidado e desprendimento e disponibilização financeiro, pois a  dependendo da seleção, a diferença de preço do veículo pode chegar a R$ 1 milhão. “O acabamento em fibra de vidro acrescenta £ 200 mil ao preço (ou quase R$ 1 milhão)”, exemplifica Bruno Senna, sobrinho de Ayrton Senna e embaixador da McLaren.

Os modelos disponíveis na loja começam com o valor de R$ 1,9 milhão. O maior preço, de R$ 8 milhões, é o modelo do McLaren Senna, batizado em homenagem ao piloto brasileiro, Ayrton Senna.

Segundo o diretor Henry Visconde, da Eurobike, representante oficial da marca no Brasil, o superesportivo tem edição limitada a 500 unidades em todo o mundo. Para o Brasil, estão disponíveis apenas duas unidades, com entrega previstas somente para o ano que vem. No entanto, ambas foram vendidas antes mesmo da inauguração da loja da marca. 

Segundo Visconde, a McLaren é uma das poucas montadoras importantes de superesportivos que não estavam no Brasil. O País já tem revendas oficiais de Ferrari, Maserati e Lamborghini (todas são representadas pelo grupo Via Italia).

Crise no mercado de carros de luxo
Enquanto a McLaren aporta por aqui, a Aston Martin e a Bentley deixaram de ter representações oficiais no Brasil. Com a crise que atingiu todos os segmentos de carros nos últimos três anos, as duas montadoras britânicas fecharam as operações que mantinham no País.  O mercado de carros de luxo, que teve forte retração em 2016 e 2017, começa a dar sinais de recuperação. Nos quatro primeiros meses do ano, os segmentos premium e de alto luxo venderam 15.153 unidades, 21,7% a mais ante igual período de 2017, ano em que esses produtos tiveram o pior desempenho em vendas desde 2012, com 47,3 mil unidades. Estão nessa conta marcas como Audi, BMW, Ferrari, Jaguar, Lamborghini, Land Rover, Lexus, Maserati, Mercedes-Benz, Porsche, Rolls Royce e Volvo.  Já em 2016, quando o mercado total caiu 20%, os modelos de luxo despencaram 26,5%. No ano passado as vendas em geral começaram a se recuperar, com expansão de 9,2%, enquanto os luxuosos ainda caíram 2,8%.

O crescimento dos modelos de luxo, segundo a Associação Brasileira das Empresas Importadoras e Fabricantes de Veículos Automotores (Abeifa), se equipara ao do mercado total de automóveis e comerciais leves, com alta de 20,4%, somando 738,5 mil unidades.

Embora com a economia brasileira crescendo pouco, o executivo da McLaren diz que a negociação com a marca se estendeu por vários anos – e os investidores locais não queriam perder a oportunidade de oferecer o produto, que antes chegava só por importações independentes. “Sabemos que o momento não é bom, por causa da queda do mercado e a alta do câmbio”, explica Visconde. 

 

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Nos primeiros anos da crise, em 2013, 2014 e 2015, as vendas totais de automóveis e comerciais leves caíram 0,9%, 7,1% e 26,6%, respectivamente, enquanto as de modelos premium cresceram 38,4%, 18,2% e 16,4%. Foi nesse período que Audi, BMW, Mercedes-Benz e Land Rover abriram fábricas no País.

Análise

Para a economista Cristina Helena Pinto de Mello, pró-reitora de Pesquisa da ESPM, enquanto grupos estabelecidos da classe alta continuaram a trocar seus carros de luxo anualmente, a classe emergente, que não tem renda estável, manteve o carro antigo na crise. “Esse grupo caracteriza a lentidão desse segmento.”

 
POR: Rita Moraes
Publicado em 09/05/2018