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Filarmônicas da Bahia celebram o Dois de Julho virtualmente

Todos os anos o sol nasce diferente na Bahia no dia dois de julho. Nossa data magna nos lembra o quanto somos guerreiros. Em 2020 essa certeza de que, como nas batalhas pela independência do Brasil na Bahia, iremos vencer o inimigo – o novo coronavírus -, tem de ser ainda mais forte.

Todos os anos as filarmônicas da Bahia fazem um encontro em Salvador sob o céu do dois de julho. Este ano elas não deixarão de celebrar a grande vitória do povo da Bahia, do Brasil, mas farão cada uma sob o céu de sua cidade, no Primeiro Encontro Virtual de Filarmônicas da Bahia/29º Encontro de Filarmônicas, que marca o 29º ano consecutivo em que elas se encontram para tocar.

Tudo começa na live que acontece a partir das 18h no Facebook da FUB – Filarmônicas Unidas da Bahia e no Youtube da Fundação Gregório de Mattos, que está apoiando o evento. Com mediação de Felipe Dias, que contará com a parceria do maestro Fred Dantas na apresentação, uma extensa programação será realizada.

Na abertura, um vídeo com o Hino ao 2 de Julho, com novo arranjo feito pelo maestro Fred Dantas, dá início à celebração. Executado de forma isolada pela “Filarmônica Virtual Unida da Bahia”, com partituras editadas por Ronald Magnavita Filho, vídeo editado por Gival Filho e tocado por músicos de filarmônicas das cidades de Cachoeira, Camaçari, Caravelas, Central, Irará, Itiúba, Jacobina, Maragogipe, Morro do Chapéu, Salvador, Senhor do Bonfim e Serrinha.

As nove filarmônicas que participarão farão então suas apresentações através de vídeos e para cada filarmônica que mostrar sua música na live haverá uma entrevista ao vivo com o seu maestro. A live também estará aberta para que o público se manifeste e faça perguntas e será encerrada com o Hino ao 2 de Julho.

Participarão do no Primeiro Encontro Virtual de Filarmônicas da Bahia/29º Encontro de Filarmônicas: Sociedade Lítero Musical 25 de Dezembro, de Irará, sob a regência do mestre Pedro Júnior; Lira Musical Deolindo Lima, de Barra, sob a regência do mestre Leonel Chagas Amaral; Filarmônica União dos Ferroviários Bonfinenses, de Senhor do Bonfim, sob a regência do mestre Tenison Santana; Sociedade Filarmônica Minerva, de Morro do Chapéu, sob a regência do mestre Alberto Caetano; Filarmônica 15 de Setembro, de Belmonte, sob a regência do mestre Ari Oliveira; Filarmônica 2 de Janeiro, de Jacobina, sob a regência do mestre Celso Santos; Sociedade Filarmônica União Sanfelixta, de São Félix, sob a regência do mestre André Luis; Filarmônica Erato Nazarena, de Nazaré das Farinhas (filarmônica homenageada, sob a regência do maestro Lourival; e Oficina de Frevos e Dobrados, de Salvador (filarmônica anfitriã), sob a regência do mestre Fred Dantas.

Programação :

1 – Vídeo de abertura: Hino ao 2 de Julho (Santos Títara-Santos Barreto)

  1. Vídeo com os alunos da Escola de Música Aniceto Azevedo da Cruz, da Sociedade Lítero Musical 25 de Dezembro (Irará). Mestre: Pedro Júnior.

Sobre a filarmônica – A Sociedade Lítero Musical 25 de Dezembro foi fundada em 28 de março de 1954 por Alberto de Campos Nogueira, com os músicos que fizeram parte da Filarmônica União Iraraense, que resultou da fusão da Sociedade Musical Filhos do Progresso com a Sociedade Filarmônica 19 de Junho, esta última fundada no século XIX. A princípio seus estatutos previam atividades literárias e cívicas, mas prevaleceu o ensino e difusão da música filarmônica. A Sociedade 25 de Dezembro, tendo o Dr. Deraldo Portela seu presidente histórico à frente, teve um papel fundamental na revitalização da imagem das filarmônicas da Bahia nos anos 1980. A sua escola de música convidada para o atual encontro é um exemplo de vitalidade, se dividindo em musicalização, iniciação com flauta doce, grupos de câmera, charanguinha e banda juvenil.

O que vai tocar – Os Bohêmios (Anacleto de Medeiros)

3 – Vídeo da Lira Musical Deolindo Lima (Barra). Mestre: Leonel Chagas Amaral.

A Lira Deolindo Lima foi criada no ano de  2001 pela Prefeitura Municipal de Barra com o objetivo de realizar inclusão sócio-educativa, integrando alunos de toda a rede escolar do município. Pparalelo a isso, estando em um município com fortes tradições culturais como os Fortes da Guerra do Paraguai, os Concumbis e a Marujada, por exemplo, a Lira procura dar continuidade ao patrimônio musical da cidade, em grande parte composto entre os séculos XIX e XX. Entre outros mestres do passado, o nome da entidade se refere a Deolindo Lima, homem público dedicado às artes, como pintor, construtor civil e mestre-compositor, inclusive do hino da cidade. O convite à Lira musical para o presente encontro tem como objetivo assinalar o centenário do Colégio Santa Eufrásia, uma importante instituição para a cultura e alfabetização de toda a região do São Francisco.

O que vai tocar – Dobrado Dois Corações (Pedro Salgado)

4 – Filarmônica União dos Ferroviários Bonfinenses (Senhor do Bonfim). Mestre: Tenison Santana.

Desde o início do Século XX, com a expansão da rede ferroviária no Recôncavo e Nordeste da Bahia, alcançando o estado de Sergipe, observou-se um movimento significativo de criação de bandas filarmônicas por ferroviários, entre as quais a Filarmônica Recreio Operário de Aramari, a São Brás em Plataforma, Salvador e a Sociedade 5 Rios de Maracangalha. Nesse sentido, a 12 de junho de 1953 um grupo de ferroviários reuniu-se e anunciou a fundação da União dos Ferroviários Bonfinenses, que teve como primeiro presidente o Sr. João Edésio da Silva e primeiro regente o mestre José Ferreira da Silva, carinhosamente conhecido como José Mocó,  que nos deixou composições excelentes e educou toda uma geração de novos músicos. No ano 2000, tendo sido decidido em assembleia geral que a sociedade seria desativada, o atual presidente de honra Paulo Pereira de Alencar resolveu tomar a frente da sua revitalização,  resultando no trabalho que hoje se reflete em participação em encontros e festivais, no famoso São João de Bonfim, em campanhas educativas relacionadas a música e cidadania.

O que vai tocar –  Fantasia Ibotirama, o país das flores (Tertuliano Santos)

5 – Sociedade Filarmônica Minerva  (Morro do Chapéu). Mestre: Alberto Caetano.

O ciclo dos garimpo nas Lavras Diamantinas se refletiu, felizmente, na criação ou manutenção de diversas bandas filarmônicas sob patrocínio dos famosos coronéis que reinavam soberanos em suas cidades. Assim como em Lençóis a Lyra Popular estava ligada ao chefe regional Horácio de Mattos, em Morro do Chapéu foi fundada em 21 de outubro de 1906 a Filarmônica Minerva, pelo coronel Francisco Dias Coelho, um coronel diferente à sua época, por ser um homem negro e pelo grande amor à cultura de um modo geral.  Desde a sua fundação a Minerva tem interagido com a vida social da sua cidade, tendo educado várias gerações de músicos. Foi pioneira na organização de um encontro de filarmônicas que já chega a uma década de realizações. Atualmente seu corpo musical conta com 48 músicos, enquanto a sua escolinha de música – mantida através de convênio com a empresa Enel Green Power, possui 80 alunos.

O que vai tocar – Dobrado Magnata (Estevam Moura)

6 – Filarmônica 15 de Setembro (Belmonte). Mestre: Ari Oliveira.

A Associação Filarmônica 15 de Setembro foi fundada em 1895 pelo grupo de coronéis liderado por Pedro Ventura de Amorim e foi a primeira filarmônica da cidade de Belmonte. Esta histórica instituição tem se mostrado presente em todos momentos da vida social da sua cidade, preservando um importante arquivo musical, enquanto mantém viva sua escola de iniciação, formando novos quadros para seu corpo musical. Esta relação com a comunidade fica expressa em momentos como, no ano de 1910, em que sua sede foi utilizada como abrigo aos acometidos de uma grande epidemia de varíola que assolou a cidade. Em 1914 a Filarmônica sofreu uma grande perda quando uma grande enchente destruiu a sua sede,  que ficava situada ao lado da Igreja de Nossa Senhora do Carmo. Os 120 anos de sua resistência heróica foram devidamente comemorados no ano de 2015 com concertos e atos religiosos.

O que vai tocar – Tudo é do Pai (Padre Marcelo Rossi)

7 – Filarmônica 2 de Janeiro (Jacobina). Mestre: Celso Santos.

A Filarmônica 2 de Janeiro de Jacobina, fundada no ano de 1878, é uma das  mais antigas sociedades musicais da Bahia, em atividade ininterrupta. Atualmente atende centenas de pessoas, oferecendo oportunidades as crianças e jovens de terem acesso à linguagem musical e convivência social, trabalhando noções como raciocínio lógico, concentração, autoestima, sentido de pertencimento e trabalho em grupo com solidariedade e harmonia, além das aulas de música, recebendo para isso apoio financeiro da Prefeitura Municipal de Jacobina, sendo coordenada pelo maestro Celso Santos e um quadro de cinco monitores. Jacobina está situada no extremo norte da Chapada Diamantina, a 330 quilômetros de Salvador e é também conhecida como Cidade do Ouro, uma herança das minas de ouro que atraíram os bandeirantes paulistas no início do século XVII. Rodeada por serras, morros, lagos, rios, fontes e cachoeiras, apresenta também um rico patrimônio histórico, artístico e cultural.

O que vai tocar – Espinha de Bacalhau (Severino Araújo)

8 – Sociedade Filarmônica União Sanfelixta (São Félix). Mestre: Adenilson Bispo

Em 7 de setembro de 1916 um grupo de músicos e outros cidadãos da cidade de São Félix se reuniu para, utilizando-se da tradição musical de uma corporação anterior, a Harpa Sanfelixta, criar uma nova entidade filantrópica dedicada à literatura e principalmente à arte musical. Na atualidade a União Sanfelixta atua na cultura, cidadania e da educação gratuita, assim como na promoção, difusão, defesa e produção de música de partitura em eventos culturais, religiosos, cívicos, festivais e encontros musicais. A forte tradição musical do Recôncavo imprimiu em São Félix um gosto musical que norteia as atividades da União, que mantém uma escola de iniciação musical com 85 alunos entre crianças e adolescentes e um corpo musical com 55 músicos educados musicalmente na própria filarmônica. Em seu precioso arquivo de partituras manuscritas ocupa um lugar de destaque o seu maestro histórico, Amando Nobre, um dos mais notáveis compositores de filarmônica do Brasil. A União sagrou-se campeã do VIII FESTFIR (Festival de Filarmônicas do Recôncavo) em 1999 e do I Encontro de Filarmônica do Sul na cidade de Wenceslau Guimarães em 2013.

O que vai tocar – Suite Santa Esmeralda (arranjo de Antônio Menezes)

9 – Filarmônica Erato Nazarena (Nazaré das Farinhas) – Filarmônica homenageada

A Filarmônica Erato Nazarena foi fundada em 29 de agosto de 1863, a mais antiga da Bahia em data de fundação, tendo como seu primeiro presidente o tenente Francisco Florindo de Souza Noia. Formada pelos voluntários do Batalhão 42, a sociedade recebeu o nome de uma das nove musas da cultura grega, a  Erato, musa da poesia lírica e do amor.  Um fato de destaque,  além de tantos outros em sua história, foi a participação da Erato em 1963, ano de seu centenário, no programa Lira de Xopotó, coordenado pelo flautista Altamiro Carrilho, na Rádio Nacional. A banda seguida por uma pequena comitiva dirigiu-se ao Rio de Janeiro. O programa da rádio nacional obteve seu esperado êxito, onde a Erato brilhou triunfante, emocionando a população nazarena, sob o comando do maestro Pedro Rodrigues de Santana. Sob a batuta do lendário maestro Lourival dos Santos a Erato viveu momentos de destaque participando dos festivais de filarmônica que ocorriam anualmente sob patrocínio do Governo do Estado e da companhia paulista Argos. A participação no 29º Encontro de Filarmônicas, ainda que de forma virtual, marca o retorno das atividades da centenária Erato Nazarena. Em 2020 os sons musicais voltaram a ser ouvidos no belo casarão verde na histórica Nazaré das Farinhas.

O que vai tocar – New York (John Kander-Fred Eber), regência maestro Lourival

10 – Oficina de Frevos e Dobrados (Salvador) – Filarmônica anfitriã. Mestre: Fred Dantas.

No ano de 1991 a Oficina de Frevos e Dobrados, já com nove anos de atividades, se uniu ao compositor Moraes Moreira para uma campanha nacional de valorização das bandas de música, que resultou em programas de TV, viagens e a gravação de uma linda música, Bandas de lá e de cá. Em uma dessas reuniões, com o mestre Manoel Zinho, da cidade de Aramari, surgiu a ideia de se criar um Encontro de Filarmônicas no 2 de Julho. Moraes participou por dois anos da ação, que teve continuidade com a Oficina de Frevos e Dobrados, em parceria com a Fundação Gregório de Mattos. O Encontro é uma das melhores ações da Oficina quer também inclui aulas de música, participação em eventos significativos como o Carnaval e a Lavagem do Bonfim, pesquisa e recuperação de antigas partituras e a criação de um novo repertório que projeta a filarmônica na contemporaneidade.

O que vai tocar – Estás entre nós, (Eliana Lima) arranjo Fred Dantas.

Serviço:

Live Primeiro Encontro Virtual de Filarmônicas da Bahia/29º Encontro de Filarmônicas

Dias 2 de julho, às 18h

No Facebook da FUB – Filarmônicas Unidas da Bahia

No canal do Youtube da Fundação Gregório de Mattos

Apoio Fundação Gregório de Mattos

Organização Oficina de Frevos e Dobrados e às 18h

Assessoria de imprensa : Doris Pinheiro -71 98896-5016

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POR: Rita Moraes
Publicado em 02/07/2020