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Espetáculo “Fúria” está em cartaz no Centro de Artes da Maré, no Rio, com entrada franca

Como espiar o tempo em um mundo dominado por imagens medonhas, por imagens sombrias e luminosas, atravessadas por uma infinidade de perguntas não respondidas e perpassadas por contrastes e paradoxos? 

Como espiar o tempo em um mundo de fúria? 

Como nos tornar mundo, como propõe Clarice Lispector, em A Paixão Segundo G.H., quando lembra que “se somos o mundo, somos movidos por um radar delicado que nos guia”?

Em Fúria, a mais recente obra da Lia Rodrigues Companhia de Danças, um mundo povoado de imagens de dor, beleza, violência, opressão e liberdade se constrói e se desmancha sem trégua, diante dos olhos do público.

Os corpos dos nove intérpretes da Companhia se destacam e se perdem em meio a roupas, sacos plásticos, rejeitos, em uma mistura de cores, formas e texturas. Um trecho de uma música tradicional dos povos indígenas Kanak, da Nova Caledônia, repetido infinitamente, acompanha grande parte da performance.

As cenas de Fúria – que estreou em dezembro de 2018 no Théâtre National de Chaillot, em Paris – carregam, a seu modo, esse momento do Brasil e de outras partes do mundo, como a coreógrafa explica: “Para a criação de Fúria construímos uma coleção de imagens pesquisadas na internet. Imagens do mundo e do Brasil, imagens do presente e do passado, imagens de alegria, de dor, de violência, de amor. Construímos um grande mural numa das paredes do Centro de Artes da Maré. E começamos a trabalhar na articulação dessas imagens, colocando-as em relação umas com as outras, criando quadros vivos. Trabalhamos com a multiplicidade de identidades, mobilidade, apropriação de signos, disfarces de símbolos. Procuramos imagens, situações coreográficas, espaços, cores, ambientes, texturas. Trabalhamos em fragmentos, criamos cenas.”

Criado no Centro de Artes da Maré, sede da Lia Rodrigues Companhia de Danças, Fúriaparticipou do Festival de Curitiba, em abril deste ano, e, entre maio e junho, foi apresentado em diversos festivais na Europa – na Alemanha, Portugal, Bélgica e França. A estreia no Rio de Janeiro será no dia 5 de julho, no Centro de Artes da Maré, onde ficará em cartaz até 28 de julho (sextas, sábados e domingos), com entrada franca.

Para facilitar o acesso ao Centro de Artes da Maré, será disponibilizada uma van nos fins de semana – trajeto de ida e volta do estacionamento da Cobal de Botafogo até a Maré. Quem estiver interessado, deve entrar em contato através do e-mail furia.liarodriguescia@gmail.com.

Sobre Lia Rodrigues, Centro de Artes da Maré e Escola Livre de Dança

Lia Rodrigues nasceu em 1956, em São Paulo, onde se formou em ballet clássico e estudou História na Universidade de São Paulo. Após ter participado do movimento de dança contemporânea em São Paulo, nos anos 70, integrou a Compagnie Maguy Marin (França), entre 1980 e 1982. De volta ao Brasil fundou a Lia Rodrigues Companhia de Danças, em 1990, no Rio de Janeiro, e, em 1992, criou e dirigiu durante 14 anos o festival Panorama da Dança. 

Em 2004, a convite da dramaturga Silvia Soter, Lia Rodrigues iniciou uma parceria com a Redes da Maré (redesdamare.org.br), com a qual desenvolve projetos artísticos e pedagógicois na Maré. Dessa parceria nasceu, em 2009, o Centro de Artes da Maré, sede da Lia Rodrigues Companhia de Danças, e, em 2011, a Escola Livre de Dança da Maré. 

Lia desenvolveu criações com artistas plásticos como Tunga, dá consultoria para outros coreógrafos e leciona dança contemporânea no Brasil e no exterior. Fez parte da organização IETM e foi representante no Rio de Janeiro da Rede de Promotores Culturais da América Latina e Caribe. Em 2000, foi indicada para a “Categoria Especial” do prêmio Rio Dança; em 2007, foi condecorada pelo Governo Francês com a medalha de Chevalier des Arts et dês Lettres; em 2014, recebeu do Governo Holandês o Prêmio Prince Claus; em 2016, o Prêmio de Coreografia da Société des Auteurs et Compositeurs Dramatiques (SACD), na França; e, em 2017, o Prêmio Itaú Cultural 30 anos.

Lia Rodrigues Companhia de Danças (liarodrigues.com)tem em sua história a criação de 19 espetáculos, entre eles os premiados Folia, Aquilo de que somos feitos, Formas Breves e Encarnado, se mantém em atividade durante todo o ano, com aulas, ensaios do repertório, pesquisa, criação e apresentações pelo mundo. No Centro de Artes da Maré, nasceram Encarnado (2005), Pororoca (2009),  Piracema  (2011), Pindorama(2013) e Para que o céu não caia(2016), além de Fúria.

Centro de Artes da Maré é um espaço direcionado para a formação, criação e difusão das artes, onde são realizados diversos projetos culturais e sociais. Lá funciona a Escola Livre de Dança da Maré.

 A Escola Livre de Dança da Maré, aberta em 2011, realiza um trabalho de caráter continuado e atividades gratuitas, articulando dança, ações de formação e sócio educativas em torno de dois núcleos: um aberto à todos os moradores da Maré e arredores, de todas as idades, que oferece oficinas e aulas diversas frequentadas por mais de 300 alunos por ano; e outro, o Núcleo 2, de formação continuada em dança, que oferece a aproximadamente 20 jovens, selecionados através de audição, uma formação intensiva em dança, com aulas práticas e teóricas, junto da Lia Rodrigues Companhia de Danças. 

Fúria

com a Lia Rodrigues Companhia de Danças

http://liarodrigues.com

www.facebook.com/liarodriguescompanhiadedancas

teaser: https://www.youtube.com/watch?v=jVEUPbgWQcc

CENTRO DE ARTES DA MARÉ

Rua Bittencourt Sampaio, 181, Nova Holanda, Maré (terceira rua à direita depois da passarela 9 da Av. Brasil, sentido Centro-Zona Oeste)

Tel. (21) 3105-7265.

De 5 a 28 de julho de 2019, de sexta a domingo.

Sexta, 19h. Sábado e domingo, 18h.

ENTRADA FRANCA

Duração: 70 min 

Lotação: 120 pessoas

Classificação indicativa: 16 anos 

Reservas e informações sobre a van que fará o trajeto Zona Sul-Maré, aos sábados e domingos: furia.liarodriguescia@gmail.com

 

FICHA TÉCNICA

Criação: Lia Rodrigues


Assistente de criação: Amália Lima


Dançado e criado em estreita colaboração com: Leonardo Nunes, Felipe Vian, Clara Cavalcanti, Carolina Repetto, Valentina Fittipaldi, Andrey Silva, Karoll Silva, Larissa Lima, Ricardo Xavier.

Dramaturgia: Silvia Soter

Colaboração artística e imagens: Sammi Landweer


Criação de Luz: Nicolas Boudier


Produção e difusão internacional: Thérèse Barbanel

Secretária: Glória Laureano

Professoras: Amália Lima, Sylvia Barreto

Coprodução:Chaillot – Théâtre national de la Danse, CENTQUATRE-Paris, Fondation d’entreprise Hermès dans le cadre de son programme New Settings,  Festival d’Automne  de Paris, MA scène- nationale, Pays de Montbéliard, Les Hivernales – CDNC (França);  Künstlerhaus Mousonturm Frankfurt am Main, Festival Frankfurter Position 2019 –BHF-Bank-Stiftung, Theater Freiburg,  Muffatwerk/Munique (Alemanha); Kunstenfestivaldesarts, Bruxelas (Bélgica); Teatro Municipal do Porto,  Festival DDD – dias de dança (Portugal).

Uma realizaçãoda Lia Rodrigues Companhia de Danças com o apoio da Redes da Maré e do Centro de Artes da Maré.

Lia Rodrigues é artista associada ao Chaillot-Théâtre national de la Danse e ao CENTQUATRE, França.

Agradecimentos:  Zeca Assumpção, Inês Assumpção, Alexandre  Seabra, Mendel Landweer, Jacques Segueilla , equipe do Centro de Artes da Maré e da Redes da Maré.

#conexaoin99#conectadocomanoticia

POR: Rita Moraes
Publicado em 18/07/2019